Um professor racista e eugenista não dá mais nome a uma sala dentro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Desde 2021, os movimentos negros e estudantis, reivindicam a homenagem à Amâncio de Carvalho, que foi retirada da instituição de ensino após votação na instituição na última quinta-feira (30).
A mobilização começou a partir de uma reportagem publicada pelo portal Ponte Jornalismo. A matéria traz a pesquisa da historiadora Suzane Jardim, que divulgou que Amâncio manteve mumificado o corpo de Jacinta Maria Santana, uma mulher negra que foi embalsamada e exposta na faculdade durante cerca de 30 anos. O corpo dela foi violentado e objeto de trotes feito pelos estudantes
Amâncio Carvalho também foi presidente emérito da Sociedade Brasileira de Eugenia. A Eugenia consiste em criar seres humanos “ideais” através do controle genético da população, ganhando força no Brasil após abolição da escravatura com o objetivo de embranquecer a população.
Em entrevista à Ponte, Valentina Garcia, presidente da Coletiva Angela Davis, declarou. “A gente está falando de um dos tantos eugenistas que existiram nesta faculdade e são homenageados. Era urgente que a gente tirasse, todo movimento negro estava pedindo”, ressalta.
Também de acordo com a Ponte, após o resultado da votação, os alunos retiraram o quadro do eugenista e desfilaram com ele de cabeça para baixo pelos corredores da unidade de ensino.
Ainda vai ser decidido pela direção da Faculdade de Direito da USP, qual nome o espaço vai receber após a retirada da homenagem do eugenista.
Durante a votação, um professor afirmou o seu posicionamento sobre o caso.
“Negar sua responsabilidade e manter uma homenagem no âmbito da Faculdade, mesmo diante de tudo que foi apurado e contrariando justa e legítima demanda das alunas e alunos negras e negros da Faculdade, representaria, no mínimo, uma legitimação e um acolhimento institucional do racismo”, afirma.
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