Por Juliane Sousa
Guilherme Silva Guedes, de 15 anos, um jovem negro e morador da Vila Clara, zona sul de São Paulo, foi encontrado morto no domingo (14), na cidade vizinha, Diadema, município do Grande ABC. Segundo os familiares do adolescente, o corpo estava com sinais de tortura e tiros nas mãos e na cabeça. O crime provocou indignação nos moradores da Vila Clara, que organizaram um protesto na última segunda-feira (15) exigindo justiça por Guilherme. Além dos familiares e moradores do bairro, os protestos contaram com o apoio e participação de movimentos sociais, coletivos e a Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio.
“Essa manifestação de segunda-feira, houve algumas intervenções. Foram ônibus queimados, a tropa de choque, a Polícia batendo a torno e a direita em todo mundo. Então, no dia seguinte (terça-feira, 16), nós, do Movimento Atitude, somos embaixadores da Paz dentro da comunidade, e o nosso objetivo é sempre o diálogo. Eu fui convidado para estar nesse ato, E automaticamente entramos em contato com alguns advogados, até que conseguimos que viessem nos dar o respaldo e a legitimidade desse ato. E iniciamos o trajeto, fazendo um percurso até a casa do Guilherme, com uma pausa para 5 minutos de silêncio.” relatou o jornalista e ativista social Felipe Marconato, em entrevista ao Notícia Preta.
O caso ainda está sendo investigado, mas a Polícia Civil aponta o sargento Adriano Fernandes de Campos, 41, do Baep (Batalhão de Ações Especiais) de São Bernardo do Campo, como o principal suspeito do assassinato do jovem. Segundo moradores da Vila Clara, o adolescente foi vítima de policiais que estavam naquela noite trabalhando como vigilantes de uma fábrica da empresa Globalsan, localizada no bairro e próxima à residência do jovem. Havia ocorrido um assalto no estabelecimento e o policial foi investigar na região os possíveis responsáveis, o que resultou na execução do jovem Guilherme.
Marconato explicou à nossa reportagem que Guilherme Guedes foi confundido. “Ele saiu para comprar um salgado e se deparou com os meninos vindo, que falaram que a Polícia estava vindo. E disse que não devia nada, então, não tinha nenhum problema. Daí, ele foi levado por engano. Ele não tinha antecedentes criminais, era um jovem pacato, família e querido na comunidade.”