Moradores da Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro e uma das maiores favelas da capital fluminense, fizeram protesto na tarde da última quinta-feira (16), após uma semana sem energia na comunidade, de acordo com moradores.
A manifestação parou a autoestrada Lagoa-Barra, mas não houve confronto entre manifestantes e a polícia. O Notícia Preta entrevistou Willian de Oliveira, diretor de direitos humanos da associação de moradores da Rocinha e da Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ).
Segundo ele, haviam 15 regiões da rocinha sem luz quando decidiram fazer o ato. Neste momento, 8 regiões ainda estão sem energia, mas há equipes da Light no local segundo o ativista.
Ainda de acordo com ele, a Rocinha sempre teve bom relacionamento com a light e revelou que há duas décadas a empresa de energia vem instalando relógios na comunidade. Entre 2021 e 2022 foram instalados mais de 2 mil relógios na Rocinha.
“Essa mudança de dois anos pra cá na presidência da Light e gestão, tem trazido um grande transtorno para as favelas e falo isso analisando como diretor da federação de favelas, não só para a Rocinha”, afirmou.
Entenda: “Déficit zero é prejudicial aos mais pobres”, afirma economista
O ativista diz que o protocolo de acionamento da empresa de energia por meio de telefone, é muito burocrático e demorado, por isso “gera uma dificuldade muito grande e queremos mais flexibilidade”, disse ele. Hoje, segundo Willian, há mais de 30 transformadores para serem renovados dentro da maior favela da América Latina, que é a Rocinha.
“O morador da Rocinha está disposto a pagar energia, alguns que não tem condições se enquadrariam na tarifa social e pagariam o valor justo, ninguém está se negando a pagar energia”, afirmou Willian.
Ele revela que a associação de moradores e a FAFERJ planejam ação pública contra a Light se a situação não normalizar e conta que a federação de favelas está disposta a fazer o processo de mediação da empresa com as comunidades e ajudar no que for possível.
O Notícia Preta entrou em contato com a Light que informou o panorama atual. A empresa disse que permanece com equipes na Rocinha para a execução dos reparos necessários. “Somente na última semana, foram 127 ocorrências na comunidade, provocadas por sobrecarga na rede elétrica devido ao alto índice de ligações clandestinas, onde o furto de energia é 83,74%“, afirma a concessionária.
Segundo o líder, os transformadores da Light – configurados e instalados para atender aos 14.485 clientes da concessionária naquela região (onde vivem mais de 87 mil moradores, segundo dados do IBGE de 2022) – queimam, causando falta de luz.
“A Light atua, diariamente, para coibir essa prática em regiões em que consegue atuar com segurança. Já em comunidades, equipes da distribuidora fazem os reparos necessários em parceria com o poder público a polícia e com as Associação de Moradores”, completa a nota.
Leia mais: Celebrando o Dia da Consciência Negra, Prefeitura de Curitiba posta vídeo sem negros