O Rio de Janeiro é a cidade brasileira que com o maior número de monumentos, segundo dados da Secretaria Municipal de Conservação (SECONSERVA). Destas obras, menos de trinta representam personalidades negras. Os negros ajudaram a construir o Brasil. Por essa, razão a influência africana está enraizada na sociedade carioca. Manifesta-se na música, na dança, na religião, na culinária, na moda, etc. Porém, a presença negra não foi devidamente refletida nos monumentos públicos da cidade.
O busto do líder quilombola, Zumbi dos Palmares, é um dos mais famosos monumentos representando um negro na cidade, está localizado em uma das principais avenidas do Centro do Rio. Na Praça XV, também no Centro do Rio, temos a estátua do marinheiro João Cândido, o almirante negro, protagonista da Revolta da Chibata e a representação da primeira bailarina negra do Teatro Municipal, Mercedes Baptista, no Largo de São Francisco da Prainha, região central.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 49,05 % da população do Rio Janeiro se autodeclara negra ou parda. A maioria dessas pessoas não vê nas esculturas da cidade representações dos seus antepassados. Também não aprende nas escolas nada além da escravidão. Um país de maioria negra e miscigenada tem uma história branca. Hoje, 130 anos após a abolição da escravatura, a ideia de eternizar personagens negros ainda parece algo distante da realidade.
A história brasileira está repleta de contribuições significativas de homens e mulheres de origem africana. Figuras como o intelectual baiano Ernesto Carneiro, professor, linguista e biomédico, responsável por revisar em 1902 o Projeto de Código Civil, devem ser reconhecidas e lembradas. Assim como a catadora de papelão que virou escritora, Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil, autora do livro ‘Quarto
do Despejo: diários de uma favelada’. Sim, os negros têm conquistado cada vez mais espaço e
se fazem presentes em diversas esferas. Mas a história ainda não lhes fez justiça. Quem sabe
esse não é o próximo passo..