Misturar álcool e remédios pode causar danos ao fígado, rins e estômago, alerta especialista

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Analgésicos comuns como o paracetamol, ibuprofeno e o ácido acetilsalicílico podem causar danos ao fígado, estômago e rins - Foto: Pexels

Misturar bebidas alcoólicas com medicamentos pode causar danos graves à saúde, como lesões no fígado, nos rins, no sistema digestivo e no sistema nervoso. O alerta é da farmacêutica e professora do curso de Farmácia do Centro Universitário UniFG, Bárbara Sodré.

“A ingestão de bebidas alcoólicas associada ao uso de medicamentos pode causar reações adversas graves, além de potencializar os efeitos colaterais já conhecidos desses fármacos”, explica. “Essa combinação pode provocar desconfortos, mal-estar e danos à saúde, especialmente em pessoas que fazem uso crônico de álcool”, completa a especialista.

Bárbara Sodré esclarece que o álcool pode tanto potencializar quanto reduzir o efeito de diversos medicamentos. “Essas interações acontecem por mecanismos farmacodinâmicos, quando o álcool altera o efeito do medicamento no organismo, ou farmacocinéticos, quando interfere na absorção, metabolismo ou eliminação do remédio”, explica.

Analgésicos comuns como o paracetamol, ibuprofeno e o ácido acetilsalicílico podem causar danos ao fígado, estômago e rins – Foto: Pexels

Entre os medicamentos que apresentam maior risco na combinação com álcool estão:

  • Paracetamol: “O risco é de hepatotoxicidade, ou seja, lesões no fígado, já que tanto o álcool quanto o paracetamol são metabolizados nesse órgão.”
  • Codeína: “A combinação pode levar à sedação intensa, depressão respiratória e até risco de coma, devido ao efeito no sistema nervoso central.”
  • Ibuprofeno, diclofenaco e naproxeno: “O uso junto com álcool pode causar gastrite, úlceras, sangramentos, lesões renais e também sobrecarga no fígado.”
  • Sedativos: “O risco é de sedação excessiva, quedas, acidentes e até overdose fatal.”
  • Antibióticos, especialmente metronidazol: “A combinação pode provocar uma reação do tipo antabuse, com náuseas intensas, palpitações, queda de pressão e dificuldade respiratória.”

A farmacêutica alerta também para o uso indiscriminado dos chamados “kits ressaca”, que combinam analgésicos, antiácidos e complexos vitamínicos. “Misturar diferentes medicamentos sem orientação pode mascarar sintomas importantes, atrasar o diagnóstico de problemas mais sérios e até levar ao uso abusivo desses ‘kits’ e das bebidas alcoólicas”, afirma.

“Além disso, o uso frequente dessas combinações pode transmitir a falsa ideia de que é possível beber em excesso sem consequências”, reforça.

Sobre o uso preventivo de medicamentos antes de beber, ela é direta: “Essa prática, além de ineficaz, oferece riscos sérios à saúde. Medicamentos como paracetamol, ibuprofeno e omeprazol não previnem ressaca e podem sobrecarregar fígado, estômago e rins.”

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Bárbara Sodré orienta algumas medidas seguras para amenizar os efeitos do álcool no organismo: “Alimente-se bem antes e durante o consumo, intercale álcool com água, evite misturar diferentes bebidas, durma bem e, principalmente, modere na quantidade e no ritmo do consumo.”

Para quem já está com os sintomas da ressaca, ela recomenda: “Beba bastante água, aposte em líquidos com eletrólitos, como água de coco e sucos naturais, e evite café e energéticos, que podem piorar a desidratação. Faça refeições leves e nutritivas, com frutas, verduras e alimentos de fácil digestão.”

Sobre os medicamentos, a farmacêutica explica que alguns podem ser usados com cautela. “Para dor de cabeça, a dipirona é mais segura que o paracetamol, que sobrecarrega o fígado. Para azia e refluxo, os antiácidos simples são úteis, mas devem ser usados pontualmente. No caso de náuseas, a metoclopramida (Plasil) pode ajudar, desde que não haja desidratação. Para gases e cólicas, simeticona e escopolamina são opções seguras. E, para fraqueza, o complexo B auxilia na recuperação do fígado e do sistema nervoso.”

Ela ainda alerta para sinais de alerta que exigem atendimento médico imediato: “Vômitos persistentes, olhos ou pele amarelados (icterícia), confusão mental, tremores, desmaios, dor abdominal intensa ou falta de urina são sintomas que indicam que algo mais grave está acontecendo.”

“Por isso, é fundamental consultar um profissional de saúde antes de utilizar qualquer medicamento e sempre ler atentamente a bula, que contém informações essenciais sobre interações medicamentosas, contraindicações e precauções”, conclui.

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