A atriz, humorista e apresentadora Micheli Machado, que começou sua carreira ainda criança, comemora que sua filha está seguindo seus passos. Morena, aos 13 anos, vai estreiar como atriz. “É gratificante vê-la comprometida e respeitosa no set, colocando em prática tudo o que compartilhei, o que me deixa muito orgulhosa“, conta Micheli sobre a filha que tem com seu marido, o ator, comediante e cantor Robson Nunes.
Sua carreira começou aos sete anos, participando de desfiles e comerciais de televisão, e aos 12 estreou como assistente de palco no programa da Angélica. Logo depois, Micheli investiu na carreira de atriz e, desde então, tem se destacado, tornando-se uma artista múltipla, atuando também como apresentadora e sendo pioneira na comédia ao se tornar a primeira humorista preta a ter um especial de stand-up na Netflix, chamado “Lugar de Mulher”.
Por isso Micheli tenta transmitir ensinamentos para a filha a partir de sua experiência. “Como iniciei a carreira muito nova, já desde cedo aprendi a importância de uma boa organização e disciplina. Isso me ajudou a gerenciar meu tempo entre ensaios, gravações e a vida pessoal. Agora, tento passar esses ensinamentos para a Morena, mostrando como se preparar para os desafios e manter o foco nos objetivos, sem esquecer de aproveitar a jornada“.
A artista trabalhará com Morena pela primeira vez na série “Maria Quer Ser”, da Nickelodeon em parceria com a Amazon Prime, que é direcionada ao público jovem. O projeto tem previsão de estreia para este mês e Morena já vai estrear como protagonista.
Em conversa com o Notícia Preta, Micheli falou mais sobre sua carreira e como está apoiando a filha nessa nova trajetória. “Acredito que um dos maiores desafios foram as oportunidades. Embora ainda não tenhamos o ideal, já percebo uma grande diferença em relação ao passado, quando havia pouca representação negra e a concorrência era intensa. As dificuldades financeiras também eram um obstáculo; muitas vezes, eu e minha mãe precisávamos esperar o metrô abrir para voltar para casa, já que não tínhamos carro“, conta.
E continua: “Espero que ela veja em nós uma inspiração. Meu apoio a ela é incondicional, independentemente da carreira que escolher. Ter pais artistas ajuda a entender que a profissão não é apenas glamour; envolve muito teste, luta e dedicação. Apesar dos desafios, é uma experiência extremamente prazerosa“.
Além disso, enquanto mulher preta com uma carreira artística consolidada, Micheli vê o mercado audiovisual hoje muito diferente de quando começou.
“Comecei minha carreira muito cedo, em uma época em que pretos não tinham lugar de destaque no audiovisual, e foi muito desafiador me ver nesse lugar, na TV. Todos diziam para minha mãe que era uma loucura me deixar acreditar que seria possível ter uma carreira artística sendo preta, e isso acabava com a minha autoestima. Foi árduo, mas vejo o quão importante foi ser forte, insistir e enfrentar todo o preconceito para conquistar meu lugar, para que hoje, minha filha e outras filhas pretas, pudessem, de fato, se enxergarem nesse lugar. O mercado vem mudando, isso se torna cada vez mais evidente, mas tem muita coisa ainda para melhorar“, afirma.
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