Lupita Nyong’o revela que só foi chamada para papéis de escrava após vencer o Oscar: “não vou perpetuar estereótipos”

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A atriz Lupita Nyong’o, 42, revelou em entrevista à CNN que recusou diversos trabalhos após vencer o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “12 Anos de Escravidão”, em 2014. Ela contou que, ao contrário do que esperava, as propostas que surgiram depois do prêmio insistiam em colocá-la novamente em papéis ligados à escravidão.

Em conversa com Angélique Kidjo, cantora do Benin e vencedora de cinco Grammys, Lupita disse que acreditava que sua vitória abriria portas para personagens mais amplos. “Você pensaria: ‘Ah, agora vou conseguir papéis principais aqui e ali’. Mas era: ‘Ah, Lupita, gostaríamos que você fizesse outro filme em que você é uma escrava, mas desta vez você está em um navio negreiro’. Esses eram os tipos de ofertas que eu recebia nos meses após ganhar meu Oscar”, relatou.

Ela explicou que recusar esses convites foi fundamental para não se limitar a narrativas que reforçassem estereótipos sobre mulheres negras e africanas. “Queria ser uma guerreira da alegria para mudar os paradigmas do que é ser africana. E, se isso significa que eu vou fazer um trabalho a menos por ano para garantir que eu não vou perpetuar os estereótipos que são esperados para as pessoas do meu continente, farei isso”, declarou.

Em outro relato, durante sua participação no podcast “What Now? With Trevor Noah”, exibido em 2024, Lupita revelou ter enfrentado pressão para modificar seu sotaque queniano e se encaixar em padrões de Hollywood. Segundo ela, essa fase foi emocionalmente difícil.

A primeira permissão que me dei para mudar meu sotaque ou permitir que ele se transformasse foi quando entrei na escola de teatro. Queria entender meu instrumento, saber no que eu era boa, no que não era e trabalhar nas coisas em que não era boa. E uma das coisas em que eu não era boa eram sotaques”, explicou.

A atriz contou que o processo de tentar soar americana fora do ambiente acadêmico a fez sentir que estava traindo sua identidade. “O processo de decidir: ‘OK, vou começar a trabalhar no meu sotaque estadunidense e não vou me permitir soar queniana’, monitorando e realmente tentando entender minha boca de forma técnica para produzir esses novos sons… Fazer esses novos sons em um contexto que não era a sala de aula parecia uma traição. Sabe, eu não me sentia eu mesma e chorei muitas noites até pegar no sono”, concluiu

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