No próximo sábado (19), a partir das 15h, acontece o Kilariô Festival, na quadra da Escola de Samba Unidos da Tijuca, bairro do Santo Cristo. Uma festa para celebrar a cultura e a vida de pessoas negras, com mais de 15 horas de evento, sendo feita por pessoas negras e para pessoas negras.
Entre as atrações, estão o rapper BK’, Tati Quebra Barraco, trazendo o melhor da música urbana. Além disso, tentando sempre respeitar a pluralidade existente dentro da comunidade, a festa conta com muita acessibilidade.
É o que diz o idealizador e diretor criativo do evento, Wes Silva, que trabalha há dez anos no setor cultural. “Eu mesmo já sofri racismo em uma festa e aquilo me indignou a tal ponto que eu não podia mais ficar sem fazer nada. Então, resolvi fazer a minha própria festa e, desde 2014, crio edições quase que mensais da Kilariô, porém em novembro, a edição é mais que especial, é a celebração das celebrações, afinal, nossas vidas importam”, ressalta.
Levando a coisa mais longe, sabe-se que vidas negras importam todos os meses, mas não é isso que acontece na cidade do Rio de Janeiro. No levantamento realizado em 2021, foram registrados 1.365 casos de injúria por algum tipo de preconceito em todo estado do Rio de Janeiro, destes 1.036 as vítimas eram negras. O levantamento do Painel de Discriminação do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), traz dados relacionados à discriminação em função da etnia, raça, cor, classe social, sexualidade por intolerância religiosa.
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O estudo ainda trouxe um dado alarmante de que 56% das vítimas são mulheres negras, o que representa pelo menos uma vítima por dia durante todo o ano de 2021. Nos crimes de preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional, das 77 vítimas negras, 26,5% também são mulheres.
Para Wes, “deveria parecer estranho, ou mesmo contraditório, a segunda cidade mais preta do país ser tão racista, mas isso se reflete na quantidade de violência para com as pessoas negras, o resultado é o medo e vulnerabilidade na saúde mental da juventude. Eu já senti esse medo, já me senti afetado. Apesar de tudo, resistimos e festas como a Kilariô oferecem espaço seguro para pessoas negras da forma mais plural possível”, comenta o produtor.
Aos 30 anos, Wes diz que sonha em ver a festa ainda maior e garante que a festa embora seja de preto pra preto está aberta a todo mundo que quiser se divertir. Afinal, para ele, a cultura é um poderoso instrumento no combate ao racismo. “Todo mundo é bem-vindo. A música, a cultura, sempre possuiu o papel de unificar as pessoas, de falar aquilo que nem sempre conseguimos falar e inspirar a sociedade a ter novas ideias, de se permitirem rever seus comportamentos”, finaliza Wes.
Para mais informações sobre toda a programação, acesse o Instagram do Kilariô Afrobaile.