Jovens negros são os que mais são mortos pela polícia, diz boletim

image-23.png

Sete pessoas negras foram mortas a cada 24 horas no Brasil no ano de 2023. São 2.782 pessoas negras das 4.025 que foram mortas por agentes de segurança do estado. Além disso, das 243 crianças e adolescentes que foram mortos, a faixa etária era de 12 a 17 anos. É o que mostra o boletim intitulado de ‘Pele Alvo’, que foi fornecido pela Rede de Observatório da Segurança nesta quinta-feira (07).

Os números foram obtidos através da Lei de Acesso a Informação (LAI) e das Secretarias de Segurança Pública e órgãos correlatos, de nove estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, conforme informado pelo Observatório.

Maranhão fornece pela primeira vez dados de raça e cor das vítimas da letalidade provocada pela polícia. / Foto: José Cruz/Agência Brasil

Dos 5 estados do Nordeste, os dados mostram que a polícia que mais mata é a da Bahia: foram 1.702 mortes causadas por esses agentes. Esse é o segundo maior número já registrado desde 2019 dentre todos os dados dos estados que já foram monitorados. No Ceará, o número de vítimas pretas é oito vezes maior do que brancos.

A maior metrópole brasileira, não ficou de fora do estudo. Em São Paulo, houve avanço de 21,7% de mortes causadas pela polícia, sendo 66,3% das vítimas, corpos negros.

As vítimas sem registro de dados de raça e cor dos 9 estados apresentados no boletim, passam de 800. Para o estudo, a transparência nos dados é fundamental para que não haja nenhuma análise infundada e isso também garante que o poder público direcione esforços para fazer da sociedade segura para todos.

“Ano após ano, vemos a reafirmação de que a violência da polícia tem cor, idade e endereço. São milhares de jovens negros, muitos que nem chegaram a atingir a maioridade, com suas vidas ceifadas sob a justificativa de repressão ao tráfico de drogas. Não é aceitável nem justificável a morte de uma pessoa negra a cada quatro horas pelas mãos de agentes de uma instituição que deveria zelar pela vida. Nosso objetivo ao ressaltar esses dados é denunciar a urgência de um debate público acerca do racismo na segurança e incentivar o desenvolvimento de políticas públicas que mudem o rumo desta realidade”, diz a cientista social Silvia Ramos que coordena pesquisas sobre violência urbana e segurança pública.

“Mais do que mostrar números, aumentos e reduções, este relatório deixa evidente como as políticas atuais de segurança adotadas nos estados tiram vidas, traumatizam famílias e interrompem histórias. É importante reconhecer que algumas conquistas foram alcançadas, mas nem de longe suavizam o comportamento racista de agentes de segurança”, completa Silva.

Confira o relatório na íntegra.

Leia também: Letalidade policial em foco: Rio está 66% acima da média nacional, diz relatório.

Deixe uma resposta

scroll to top