A cada 10 jovens negros, apenas 6 terminam o ensino médio, diz levantamento

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Um levantamento feito pela ONG Todos pela Educação revelou que a cada 10 jovens pretos brasileiros de 19 anos, apenas seis terminaram o ensino médio. Feito baseado em dados do IBGE de 2012 a 2022, o levantamento analisou adolescentes de 15 a 17 anos que frequentam ou que já concluíram esta etapa de ensino.

A taxa é o dobro da registrada em 2012, quando apenas 3 a cada 10 jovens haviam finalizado o ensino médio, mas se comparado com adolescentes brancos da mesma faixa etária, ela é menor já que em 2022, 75,3% deles finalizaram essa etapa do ensino. No caso de jovens pardos – seguindo a classificação do IBGE – 4 a cada 10 haviam terminado o ensino médio em 2012, o que mudou para 6, em 2022.

Número de jovens pretos que terminam o ensino médio ainda é menor que o de brancos /Foto: Pexels

De acordo com a professora, Doutoranda em História e Mestre em Relações Étnico Raciais, Lavini Castro, o que leva a esse baixo número de pretos e pardos terminando o ensino médio é a falta de identificação com o currículo escolar. “Muitos jovens negros não se identificam com o currículo eurocentrado que não valoriza as histórias e culturas do seu pertencimento racial, são desestimulados a permanecer no ambiente escolar“, diz a professora.

Além disso ela também cita as condições que muitos desses jovens enfrentam, ocasionadas pela desigualdade gerada pelo racismo.

“Por outras vezes precisam trabalhar cedo para ganhar independência financeira ou ajudar na família, por vezes muitos alunos negros morando longe das escolas sentem dificuldade para manter frequência escolar e acabam desistindo e abandonam as aulas”, explica Lavini.

Lavini Castro é idealizadora e coordenadora da Rede de Professores Antirracistas /Foto: Arquivo pessoal – Reprodução

Sobre os impactos desses números, a educadora detalha o que acontece não só com a educação brasileira, mas também com a vida desses adolescentes e com a estrutura do país a longo prazo.

“Infelizmente esses dados mantém o Brasil numa posição de baixo desenvolvimento no campo da educação, além de evidenciar a marca do Racismo Estrutural em nossa sociedade e por outro lado, a juventude negra têm dificuldades de acessar diversos espaços de liderança e de poder por não receberem estímulos de sua potencialidade em nossa sociedade“.

Já as soluções para elevar esses números, a educadora indica que são necessárias mudanças na estrutura do sistema, como a implementação de mais escolas, transporte para esses jovens, mas também dos conteúdos abordados, como maneira mais rápida de mudar as coisas.

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“As soluções mais rápidas são de ordem pedagógica em que as ações dos professores e gestão pedagógica venham a valorizar conteúdos, narrativas históricas e literárias que evidenciem as histórias e culturas africanas e afro-brasileiras apresentando os alunos negros como sujeitos históricos agentes e protagonistas de suas histórias e contribuidores do desenvolvimento da sociedade”, detalha Lavini Castro.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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