Jornalismo local em colapso nos EUA: 40% dos jornais sumiram e empregos despencaram

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Um novo relatório da Medill School of Journalism, divulgado na edição 2025 do State of Local News, expõe um cenário alarmante: o jornalismo local nos Estados Unidos vive um declínio acelerado, marcado pelo fechamento em massa de veículos e pela perda histórica de profissionais. Segundo o estudo, 40% dos jornais impressos desapareceram nos últimos 20 anos, e 75% dos empregos na imprensa foram eliminados desde o início dos anos 2000.

O levantamento aponta que o país avança rumo ao que os pesquisadores chamam de “colapso informativo”, especialmente em cidades pequenas e zonas rurais, áreas que já sofrem com a escassez de cobertura jornalística e agora veem esse apagão se aprofundar. A queda da audiência digital, que poderia funcionar como alternativa, surpreendeu os pesquisadores: mesmo os veículos online enfrentaram retração no engajamento e no financiamento.

75% dos empregos foram eliminados, agravando o “colapso informativo” nos EUA – Foto: Pexels

Desertos de notícias se expandem

Desde 2005, cerca de 3,5 mil jornais americanos fecharam as portas, uma média de quase dois por semana apenas em 2024, quando 136 veículos deixaram de circular. Restam pouco mais de 5,4 mil jornais impressos no país, acompanhados por:

  • 685 veículos digitais independentes
  • 849 sites ligados a grandes redes
  • 650 meios dedicados a comunidades étnicas
  • 342 emissoras públicas

Apesar dessa diversidade, a distribuição é altamente desigual. Dos cerca de 8 mil veículos monitorados, 65% se concentram em áreas urbanas ou suburbanas, enquanto menos de 10% dos meios exclusivamente digitais funcionam em condados rurais, justamente onde a falta de informação é mais crítica.

Outro ponto ressaltado pelo relatório é a mudança no comportamento do público. Com o fechamento de jornais tradicionais e o enfraquecimento das redações, influenciadores de notícias passaram a ocupar o espaço que antes pertencia ao jornalismo profissional, moldando debates e narrativas, muitas vezes sem compromisso com apuração rigorosa.

Os pesquisadores alertam que a retração da imprensa local mina a transparência pública, reduz a fiscalização do poder e limita o acesso dos cidadãos a informações confiáveis sobre suas próprias comunidades. Para eles, o avanço dos desertos de notícias coloca em risco a qualidade da democracia e exige respostas urgentes, tanto econômicas quanto regulatórias, para reconstruir o ecossistema de informação local nos EUA.

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