No mês da Consciência Negra, espetáculo fala sobre a vida de um dos principais líderes da religião de matriz africana do Brasil
No dia 23 de novembro a Companhia KarmaCírculus Teatro entra em cartaz em curtíssima temporada do espetáculo “Joãozinho da Goméia – De filho do tempo a Rei do Candomblé”, no Teatro Municipal Gonzaguinha, no Centro do Rio. No mês da Consciência Negra, o poema cênico, escrito e dirigido por Átila Bezerra, com adição de fragmentos de ditos pelo próprio João Alves de Torres Filho, retorna ao Rio, nos dias 23 e 24 (sábado e domingo) 28, 29 e 30 de novembro e 01 de dezembro (quinta a domingo).
“Estar em cena no mês da Consciência com esse grande personagem, é mais uma oportunidade de exaltá-lo e fazer com que mais pessoas possam se aproximar da história desse herói negro, que, se permitirmos, tentarão apagar como fizeram com tantos outros”, diz o autor e diretor Átila Bezerra.
A peça é um mergulho na forte personalidade do homem que, da Baixada Fluminense, popularizou o candomblé no Brasil. O espetáculo estreou em fevereiro, na cidade do Rio, e já passou por Salvador e Duque de Caxias, cidades em que Joãozinho viveu. Baiano de Inhambupe, no interior da Bahia, João viu sua vida se transformar quando ainda criança foi à cidade de Salvador em busca da cura para uma doença que o atormentava. Iniciou sua trajetória religiosa em 1931 e levou a dança dos Orixás para os palcos de teatros de Salvador. Em 1946 mudou para o município de Duque de Caxias, onde alcançou poder e fama e se tornou um dos mais importantes babalorixás da história do candomblé no Brasil.
“Nós estreamos no Centro do Rio de Janeiro com o intuito de atingir e facilitar o acesso do maior número de pessoas possível na nossa plateia, mas o nosso maior anseio era passar pelas cidades onde o João viveu e construiu sua história. E foi incrível estar em Duque de Caxias com tanta gente que teve participação direta na vida do João, nas atividades da Goméia Caxiense, como a mãe Seci Caxi – herdeira direta do João, que esteve conosco e acompanha diretamente nosso trabalho. Em Salvador nós recebemos com grande emoção os descendentes do terreiro do João. Momento de coroação pra nossa equipe, para o nosso trabalho. Duque de Caxias e Salvador são duas cidades muito distantes, mas ao mesmo tempo muito próximas. Na arte e na negritude, na necessidade urgente de ver suas histórias, seus heróis, seu povo sendo retratado de forma bonita e honesta”, conta Átila.
Figura polêmica, Joãozinho da Goméia era negro, homossexual, artista e apaixonado pelo carnaval. Não tinha papas na língua e muito menos medo de ser ousado e revolucionário dentro da religião. Era considerado um homem a frente de seu tempo, que não se envergonhava de se declarar gay na homofóbica Bahia do início do século XX. Pai de santo que afrontava os princípios de que homens não podiam “receber” o Orixá em público, tornando-se famoso pela sua dança e festas. No carnaval Joãozinho ganhava destaque nas ruas vestido de mulher para brincar durante a folia.
João foi responsável por decorar as festas no terreiro e também é dele a ideia de bolos enfeitados nas comemorações de santo. Popularizou a religião de matriz africana atraindo importantes nomes do meio artístico, da política, de toda a alta sociedade brasileira, que saíam de suas cidades e viajavam até a Baixada Fluminense para consultas e orientações com o Babalorixá. Joãozinho da Goméia atraiu ainda a atenção da imprensa e se tornou responsável pelo crescimento do candomblé no país.
O espetáculo “Joãozinho da Goméia – De filho do tempo a Rei do Candomblé“, que fica em cartaz até o dia 01 de dezembro, coloca o público diante do olhar, dos pensamentos, sentimentos e verdades desse grande líder religioso que foi João Alves de Torres Filho, o Joãozinho da Goméia.
No cinema e na Sapucaí
Além de apresentar João nos palcos pelo Brasil, Átila Bezerra também protagoniza o documentário poético “Joãosinho da Goméa – o Rei do Candomblé”. O filme de Rodrigo Dutra e Janaina Oliveira Refem estreia dia 21 numa sessão para convidados no Cine Odeon, no Rio.
Joãozinho também estará na Sapucaí no Carnaval 2020. A Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, de Duque de Caxias, contará a história do líder religioso no sambódromo.
FICHA TÉCNICA
Texto e direção: Átila Bezerra
Com Átila Bezerra
Percussão e figurinos: Drika Rodrigues e Tauana Faria
Iluminação e ambientação: Jon Thomaz
Companhia: KarmaCírculus Teatro
Produção: Pra Toda Obra Arte Produção – Flávia Eloah Barsan
Arte: Lucas Bileski
Foto: Isis Maria
Assessoria de imprensa: Cenna3 Imagem e Mídia
SERVIÇO
“Joãozinho da Goméia – De filho do tempo a Rei do Candomblé”
De 23 de novembro a 01 de dezembro
Dias: 23, 24, 28, 29, 30/11 e 01/12
Quinta a sábado às 19h30
Domingos às 18h
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$20,00 (inteira) / R$10,00 (meia)
Vendas: https://bit.ly/2CUPN1X
Local: Teatro Municipal Gonzaguinha
Endereço: Rua Benedito Hipólito, 125, Centro – Rio de Janeiro
Classificação etária: Livre
Estacionamento gratuito no local