O indígena Guarani-Kaiowá Márcio Moreira foi morto dentro do território ancestral Guapoy, no município de Amambai, Mato Grosso do Sul. É a segunda morte de um Guarani-Kaiowá na região em menos de um mês. O território Guapoy passa por um processo de retomada dos povos da comunidade e registra conflito com as autoridades da cidade que investigam a ação como invasão.
Moreira foi morto no final da tarde desta quinta-feira (14) por dois homens em uma moto. A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul informou estar investigando o caso, que considera poder ter relações com os conflitos por terra em Amambai (MS). A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) caracterizou a morte de ontem como parte do massacre brutal que os indígenas Kaiowá e Guarani estão sofrendo no local. “Estamos em Guerra e pedimos socorro!”, registraram em suas redes ao noticiar o assassinato.
Em nota a articulação ainda revelou que Márcio Moreira e outros três indígenas foram chamados para trabalhar na construção de um muro e quando chegaram ao endereço “encontraram uma emboscada”, diz a nota. Márcio foi morto, outro indígena foi ferido e outros dois conseguiram fugir.
Durante a ação dos policiais militares na retomada do território Guapoy, no último mês, quando Vitor Fernandes, de 42 anos, foi morto, dez pessoas ficaram feridas: sete indígenas e três policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. A Justiça Federal de Ponta Porã indeferiu o pedido de despejo do território e os Guarani-Kaiowá seguem na retomada do território.
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“O fato de não existir demarcação sobre a área ou qualquer processo administrativo tendente a promovê-la não é suficiente para descaracterizar a luta pela posse das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”, frisou o juiz federal Thales Braghini Leão ao indeferir o pedido de reintegração da posse do território indígena Guarani-Kaiowá segundo informações da assessoria de comunicação do TRF3
Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou o aumento de mortes violentas na Amazônia Legal que apresenta média 38% superior à brasileira. O estudo aponta que as mortes violentas, nas zonas rurais, estão em grande parte relacionadas aos conflitos ligados a disputas e exploração das terras.