A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) sancionou na última semana um projeto de lei declara os idiomas jeje como patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. A medida seguiu para o governador em exercício, Cláudio Castro, que terá até 15 dias úteis para sancioná-la.
Na o período conhecido como ‘tráfico negreiro’ africanos de diferentes etnias eram sequestrados de seus países e transportados a força para o Brasil, na condição de escravizados escravos de várias etnias. O povo Jeje habitava a parte do antigo Dahomé (atual Benin) e falava a língua ewe-fon. Jeje vem da expressão original Ajeji e os escravos eram chamados de “forasteiros” pelos antigos Yorubás.
Os idiomas denominados como jeje (fon, ewe, mina, fanti, entre outros) eram utilizados para comunicação interpessoal, assim como forma de menção a objetos, interjeições, rezas e ritos secularmente praticados no estado. Há cerca de 400 anos, práticas religiosas e terreiros existentes no Rio preservam as linguagens, que além de ferramentas de comunicação, são símbolos de resistência sociocultural, conforme explica o projeto do ex-deputado Átila Nunes.
Entenda a história dos Jeje
O continente africano pode ser dividido em duas partes, cortando-o com uma linha demarcatória à altura do Golfo da Guiné. Dessa linha para cima, as tradições culturais negras são chamadas sudanesas e desse paralelo para
baixo, chamadas de bantos. Dos negros sudaneses, as culturas que mais
influenciaram no Brasil foram a nagô (nàgó) e a jeje, provenientes da Nigéria e do Daomé respectivamente.
Assim, como os nagôs ou iorubas, os jêjes ou ewes, foram milhares de negros roubados de várias partes do continente africano e chegaram em terras brasileiras, principalmente na Bahia. Como esses escravizados estavam sempre concentrados, suas identidades específicas foram reconstituídas ou construídas novamente. De acordo com o historiador João José Reis, da Universidade Federal da Bahia, “Os falantes do ioruba viraram nagôs e os do grupo gbe (fon, mahi e ewe) viraram jejes“.Na opinião do pesquisador, o reagrupamento dos negros no Brasil seguiu, sobretudo, a lógica do parentesco linguístico. A chegada dos ewes no Brasil ocorreu em meados do século XVII.
“A palavra Jeje vem do ioruba adjeje que significa estrangeiro, forasteiro”. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Daomé e pelos povos Mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos iorubas para as pessoas que habitavam o leste, porque os Mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul.
O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomé ficava no Oeste, enquanto Axantes era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.
Jeje foi o temo usado para designar os povos conquistados pelos reis de Daomé. Esse nome consta em frases usadas pelos nativos para avisar quando os conquistadores aproximavam-se de uma aldeia:Pou okan, djedje hum wa! “Olhem, os jejes estão chegando”!Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravizados, seus inimigos daomeanos que já estavam morando aqui gritaram alarmados: Pou okan, djedje hum wa! onde o nome Jeje aparece novamente.
Fonte pesquisada: A origem dos Jejes – Reginaldo Prandi