Acusado indevidamente de furto, idoso também ficou viúvo durante a abordagem. Polícia concluiu depoimentos nesta quinta
Por Gabriel Ferreira
O Hospital Dom João Becker, de Gravataí, Região Metropolitana de Porto Alegre, demitiu três funcionários envolvidos no caso envolvendo o vigilante negro Everaldo da Silva Fonseca, de 62 anos, e sua esposa, Maria Gonçalves Lopes, de 55, no dia 18 do último mês. Na ocasião, o vigilante foi acusado falsamente de ter furtado um celular, além de ter sido agredido por colaboradores da unidade de saúde.
Em entrevista ao portal Ponte Jornalismo, Everaldo disse que um segurança, uma técnica de enfermagem e uma enfermeira entraram na sala – onde ele estava com a esposa, internada no hospital por problemas no fígado – fazendo acusações. Ainda disse que foi chamado de “nego sem vergonha”. A família do vigilante acredita que Maria Gonçalves, esposa de Everaldo, ao presenciar a situação do marido, não aguentou e teve um infarto.
O hospital afirmou, em nota, que não houve motivação racial por parte dos funcionários e que rescindiu o contrato com eles pois o “comportamento no episódio esteve em desacordo com o Código de Conduta da Instituição.” Além disso, a instituição ainda citou que a motivação da abordagem, ainda segundo a nota, foi o fato do celular de Everaldo ter vibrado próximo a ele.
Ainda em entrevista à Ponte, o vigilante desabafou, dizendo: “Nós não mexemos com ninguém, sofremos preconceito e agora que eu tenho medo do que pode acontecer comigo e com meu filho. Já é ruim para nós, negros, no dia a dia, e ainda passar por essa situação. O hospital está distorcendo tudo o que aconteceu e se negando a assumir”.
Depoimentos
Nesta quinta-feira, os funcionários demitidos prestaram depoimento na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Gravataí, onde um Boletim de Ocorrência foi registrado. De acordo com o delegado Márcio Zachello, responsável pelo caso, o objetivo da polícia é concluir o caso até a semana que vem, realizando, ao todo, 18 depoimentos, entre vítima (s), suspeitos, médicos, enfermeiros e acompanhantes de outros pacientes que testemunharam o fato. Everaldo foi ouvido na 1ª Delegacia na semana passada.
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