ONU descreve ‘desespero’ em um Haiti assolado pela violência

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Haitianos jogam pedras na polícia durante manifestação violenta em agosto de 2022; eles protestavam contra o aumento do custo de vida e a insegurança enquanto o país, o mais pobre do hemisfério ocidental, está atolado em violência de gangues e turbulência política Richard Pierrin AFP/File

Fonte: AFP

Funcionários da ONU descreveram perante o Conselho de Segurança da ONU a “catástrofe humanitária” em curso no Haiti, onde a situação atingiu “novos níveis de desespero” após duas semanas de violência e ataques a lojas de alimentos.

“Uma crise econômica, uma crise de gangues e uma crise política convergiram para criar uma catástrofe humanitária” na ilha, disse a representante da ONU no Haiti, Helen La Lime, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, nesta segunda-feira (26).

O país está abalado por manifestações e saques desde que o primeiro-ministro Ariel Henry anunciou em 11 de setembro um aumento no preço do combustível, por falta de recursos do Estado para manter os subsídios atuais.

“Antes do atual surto de violência civil, cerca de 4,9 milhões de haitianos precisavam de ajuda humanitária. Nas últimas duas semanas, os ataques ao Programa Mundial de Alimentos levaram à perda de cerca de 2.000 toneladas de ajuda alimentar, avaliadas em US$ 5 milhões, que teriam servido para ajudar 200.000 dos haitianos mais vulneráveis no próximo mês”, denunciou La Lime.

A responsável indicou ainda que o terminal petrolífero de Varreux, o mais importante do país, está “sitiado há mais de uma semana” por gangues.

Manifestantes fogem gases lacrimógenos durante manifestação em Petitt-Goave, no sul do Haiti em 29 de agosto de 2022 Richard Pierrin AFP/Arquivos

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A falta de combustível tem impacto em todo o funcionamento do país, por exemplo com o fechamento de hospitais.

“Ao invés do progresso que esperávamos e sonhávamos, hoje a situação no Haiti infelizmente atingiu novos níveis de desespero”, disse Valerie Guarnieri, vice-diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, lembrando que o preço da cesta básica cresceu 52% em um ano.

E “esperamos que a segurança alimentar se deteriore ainda mais este ano”, acrescentou, expressando preocupação com o saque de armazéns que abrigavam estoques preparados para a temporada de furacões.

Por sua vez, o chanceler haitiano, Jean Victor Geneus, presente na reunião, afirmou que “a situação está no geral sob controle e a calma voltou a várias partes do país”, exceto em “casos isolados”.

Ele também pediu “apoio robusto” da comunidade internacional para ajudar a polícia haitiana a lutar contra as gangues armadas.

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