Cauã da Silva dos Santos foi baleado e morto na madrugada desta segunda-feira (4), em Cordovil, Região Norte do Rio de Janeiro. De acordo com familiares, o jovem foi baleado por um policial militar, ao sair de um evento beneficente, voltado à crianças, na comunidade de Dourado.
Ainda segundo a família, Cauã era lutador de Jiu-Jitsu e luta livre há três anos e fazia parte de um projeto social na comunidade. Além disso, os parentes informam ainda que, após ser baleado, o jovem foi jogado em um “valão”. Eles tiraram Cauã e levaram para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas já chegou à unidade sem vida.
“Jogaram o meu neto dentro do rio. Mas isso não vai ficar impune, pois nós não vamos deixar mais uma morte cair nas estatísticas, que são muitas. Quantas mães, quantas avós estão chorando nesse momento como eu, como a minha mãe, como a mãe dele, o meu filho, que é pai dele?”, afirmou Edineize Soares, avó de Cauã.
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“Nós estávamos indo para casa quando os caras já vieram atirando em geral. Nós gritamos no beco: é morador! É morador! Eles largando tiro. Um morador parou no nosso lado e chamou para casa dele. Quando nós vimos, eles, os ‘cana’ largaram um tiro no peito dele e jogaram ele dentro do riacho. Sangue-frio. Nós gritando que é morador. Gritando, todo mundo gritando”, disse um dos adolescentes que estavam com Cauã, em entrevista ao Bom dia Rio
Os moradores afirmaram ainda que não havia operação ou troca de tiros na comunidade quando cauã foi baleado. Ainda na segunda-feira, moradores protestaram contra a morte do jovem e queimaram um ônibus. Já na manhã desta terça-feira, populares fecharam a Estrada do Quitungo. “Tiraram o sonho de meu irmão. Acabou com a minha família”, afirmou Caroline, irmã de Cauã.
Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que os agentes foram atacados nas imediações da comunidade da Tinta, reagiram a atingiram um homem. Além disso, a corporação também disse que um procedimento foi instaurado para apurar a ação.
Sonho enterrado
Cauã era faixa laranja de Jiu-jitsu e se preparava para a disputa do Campeonato Mundial de Grappling, além de querer seguir carreira militar no exército. “Cauã era um jovem talentoso, um bom filho, um bom garoto e um excelente atleta, com um grande futuro. Já foi campeão de vários torneios individuais. Ele estava treinando muito, tinha acabado de passar para a faixa laranja e o sonho dele foi ceifado. Ele ia se alistar esse ano, estava muito esperançoso, porque para um garoto que mora na favela, o alistamento no Exército brasileiro é uma saída para vida, com plano de carreira. Ele queria muito isso”, lamentou Thiago Velasco, tio de Cauã.
“Meu irmão não era bandido. Meu irmão tinha o sonho dele, era a luta, ele queria seguir o Exército. Ele falava para mim: “Irmã, eu quero me aprofundar lá. Eu quero mudar de vida, eu quero te dar um futuro, para os meus sobrinhos”, finaliza Caroline
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