Até este sábado (12), o Quilombo do Catucá em Pernambuco recebe a primeira exposição individual da artista Fany Lima, que acompanha a renovação do mural de grafitti que conta o legado de Mãe Flávia de Oyá, matriarca fundadora deste espaço cultural e religioso. A narrativa da exposição Cura Dor IA: A Ciência Encantada da Cidade demonstra o diálogo que existe entre a expressão artística urbana contemporânea e a tradição ancestral.
“A exposição aproxima os estudantes para a cultura africana, indígena, posso considerar também a cigana. A cultura periférica, cultura das ruas, das encruzilhadas. É uma arte que amplia vários horizontes, várias matrizes, experiências e pontos de vistas. São muitos elementos que abrem a possibilidade, na questão educativa, de trabalhar com vários elementos, inclusive, musicais”, comenta Moábia Ferreira, responsável pelo setor educativo da exposição.

Em sua origem, a palavra “curadoria” significa “ato, processo ou efeito de curar, cuidar”. No campo das artes, o termo nomeia a profissão de quem tece o fio condutor e conceitual entre artista, obra e público. Na ciência da Jurema Sagrada, que carrega o nome de uma árvore e é propriamente um culto à natureza, o ato de curar e cuidar são fundamentos ancestrais enraizados.
Com mais de uma década de trabalho dedicada ao movimento Hip Hop e à religiosidade de matriz afroindígena, realização e assistência na criação de murais e megamurais e participação em exposições coletivas, Fany inaugura agora a sua primeira exposição individual em um local de extrema relevância na trajetória pessoal e profissional dela. Paulistana que vive no Grande Recife desde 2016, Fany vive numa ponte aérea familiar e profissional entre o nordeste e sudeste.
“Fui educada pela minha história familiar, pelo Hip Hop e pela minha espiritualidade, com a noção de que o “centro” parte das minhas raízes e que elas têm um valor inestimável. Então, o Quilombo do Catucá é o meu chão em Pernambuco, que me firma no centro da encruzilhada para escolher meus caminhos”, comenta a artista. O centro cultural e terreiro de Jurema e Candomblé é reconhecido como ponto de memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) desde 2023.
Com uma trajetória profissional de 12 anos e uma caminhada religiosa com o Quilombo do Catucá de cerca de 7, Fany fincou suas raízes em Pernambuco e fomenta a cena da arte urbana e ancestral da Região Metropolitana do Recife. Um de seus maiores trabalhos é o megamural “A Nossa Rainha Já Se Coroou”, feito com Nathê Ferreira no Bairro da Boa Vista e que foi contemplado pelo edital de Credenciamento para Realização de Intervenções Artísticas em Empenas Cegas, promovido pela Prefeitura do Recife.
Serviço
Cura Dor IA: A Ciência Encantada da Cidade – primeira exposição individual de Fany Lima
Duração: 08/03 a 12/04
Visitação: segunda a sábado, das 9h às 18h
Local: Centro Cultural Quilombo do Catucá -Ilê Axé Oyá T’Ogun (R. Ana Alves, 443 – Viana, Camaragibe – PE)
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