O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, revelou, em uma entrevista com o Brasil de Fato, que vem enfrentando perseguições internacionais desde que decidiu remover as bases militares dos Estados Unidos (EUA) de sua nação. Ele se identificou como o primeiro indígena a tomar tal atitude, enfatizando que essa ação não foi bem vista pelos EUA, por se tratar de uma declaração forte a favor da soberania da Bolívia. Na mesma conversa, Morales criticou abertamente o Governo de Luis Arce, seu ex-aliado e sucessor.
Morales acusou Arce de coordenar um “golpe judicial” que o impede de se candidatar novamente à presidência em 2025. Ele alegou que a liderança do Movimento ao Socialismo se uniu a certos setores do sistema judiciário para excluí-lo da contenda, apesar de sua forte trajetória como líder indígena e figura pública com amplo apoio popular.

Além disso, Morales convocou a população a anular seus votos nas próximas eleições presidenciais, argumentando que o processo eleitoral atual não contempla a participação de lideranças originárias e de trabalhadores rurais, desafiando assim a estrutura política existente. Ele afirmou que não se deve consolidar um sistema que marginaliza os povos originários da política nacional.
Durante seu tempo no cargo, de 2006 a 2019, Morales pôs em prática uma série de políticas sociais visando à redistribuição de renda, à nacionalização de recursos estratégicos e ao fortalecimento da identidade originária no espaço público. Entre suas decisões mais controversas no âmbito internacional, destacou-se a retirada das tropas dos EUA, uma ação que, segundo ele, “resultou em pressões externas constantes e em perseguições”.
Atualmente, mesmo fora do Governo, Evo Morales continua sendo uma figura fundamental na política da Bolívia e na esquerda latino-americana. Sua visão liga a luta pela autodeterminação dos povos originários à críticas ao imperialismo, estimulando debates que ressoam em comunidades negras e periféricas no Brasil, como a defesa da soberania, dignidade e representatividade popular.
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