Evento de antropologia contempla pesquisadores negros com o Prêmio Lélia Gonzalez

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32ª Reunião Brasileira de Antropologia pode ser assistido no Youtube

A 32ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) organizada pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA) encerra nesta sexta-feira (06) mais uma edição, só que dessa vez totalmente digital. Como diferencial, o encontro teve a primeira edição do Prêmio Lélia Gonzalez, que contempla pesquisas antropológicas desenvolvidas em universidades brasileiras, em projetos de pós-graduação credenciados pela CAPES, produzido por pessoas negras.

No ano em que a associação mais antiga das Ciências Sociais do país, a ABA, completa 65 anos, a 32ª RBA trouxe 81 grupos de trabalhos, cerca de 36 simpósios especiais e 43 mesas redondas, 6 conferências com participação de intelectuais nacionais e internacionais, além de exposições fotográficas, mostras de filmes, lançamentos de livros, oficinas e diversas premiações.

Foi contemplada no Prêmio Lélia Gonzalez a tese de Roseane Rodrigues de Almeida (UFF), A luta por modo de vida: as narrativas e as estratégias de enfrentamento ao racismo religioso do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (FONSANPOTMA). Além de menções honrosas para Luis Guilhermo Meza Alvares, “No Ile Oggun e Yemaya: Reglas afro-cubanas, redes e tramas espirituais em Bogota, Colombia e Guilherme Moura Fagundes (UNB)” com “Fogos Gerais: transformações tecnopoliticas do Cerrado (Jalapao, TO)”.

Já na categoria artigos científicos conquistou a premiação “Território falante: uma escrevivência das experiências e (r)existencias do Quilombo Dom Joao” de Naiane Jesus Pinto (UNILAB). Além das menções honrosas para “A era da prevenção farmacológica ao HIV: uma etnografia da implementação do PreP em Joao Pessoa” de Werton Luis de Pontes Matias (UFPB) e “Conscientização indenitária de Mulheres Negras no Ensino Médio e Magistério em Florianópolis” de Giovanna Barros Gomes (UFSC). E em mestrado, “Negras, Nós! Entre eleitas, candidatas e não- candidatas da Região Sul do Brasil.” de Pamela Iris Mello da Silva (UFRGS).

De acordo com a presidente da ABA, Maria Filomena Gregori, um dos maiores desafios da associação é articular a produção técnico-cientifica à organização e mobilização de diferentes redes de conhecimento, de gerar novas formas de visibilidade e de estimular o debate na sociedade.

“A ABA assume posições políticas frente a um cenário governamental que desqualifica direitos previstos na Constituição e o ataque sistemático às Ciências Humanas. Assim, tem uma posição estratégica de resistir ao autoritarismo e aos abusos com conhecimento, troca e insubmissão dos saberes”, afirma Maria Filomena Gregori.

O evento bianual organizado pela ABA estava programado para acontecer na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no entanto, a realização remota foi possível com a produção de 19 comissões e subcomissões que envolvem cerca de 105 antropólogos e antropólogas para colocar no ar este que é o maior evento de Antropologia Brasileira e que conta com a participação de inúmeros pesquisadores da América Latina, América do Norte, Europa e África.

“A 32ª RBA não será meramente uma transposição do evento presencial para o remoto. São inúmeros esforços que estão sendo feitos no sentido de garantir que a experiência do evento seja memorável e que possamos juntos e juntas celebrarmos a produção vigorosa da Antropologia Brasileira”, conta Izabela Tamaso, coordenadora da Comissão de Tecnologia, Informação e Comunicação da 32ª RBA.

O público externo ao evento poderá acompanhar pelo canal da ABA no Youtube alguns debates e conferências específicos, assim como as exibições de filmes do Prêmio Pierre Verger. Pelo site da 32ª RBA poderá conferir exposições de fotos e ensaios fotográficos.

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