Três estudantes universitárias de Bauru (SP) podem responder pelas práticas de injúria, difamação e violência psicológica devido ao vídeo que gravaram rindo de uma colega de turma com 44 anos, segundo especialistas da área jurídica.
O vídeo causou grande repercussão nas redes sociais e indignação por parte dos internautas. O Notícia Preta consultou a advogada e membro da Comissão de Igualdade Racial da OAB/MG, Adriana Andrade Ferreira. Segundo ela, a atitude delas figura como crime contra a honra.
“No caso dos três crimes contra a honra que estão tipificados no Código Penal, entraria como injúria. Calúnia é quando você acusa alguma pessoa de algo que é crime; difamação é quando você está difamando, questionando a honra da pessoa em si”, afirma.
“Eu entendo que é uma forma de preconceito e, nesse caso, figura dentro da injúria praticada pelas três estudantes. Mas, de forma técnica, não enquadra como etarismo, uma vez que a Lei fala que para tipificar o etarismo, a vítima teria que ter idade igual ou superior a 60 anos”, alerta.
“Num primeiro momento, não é etarismo, mas uma discriminação por conta da idade, mas não se classifica dentro da lei“, completa.
No vídeo, elas debocham da idade da mulher e ainda dizem que, “com 40 anos, ela [colega de classe] deveria estar aposentada”. Continuando o vídeo, uma delas diz que “com 40 anos não deveria nem estudar mais, não deveria nem deixar fazer matrícula”.
Cristina Tadielo, educadora, advogada e também membro da Comissão de Igualdade Racial da OAB/MG, afirma que se for levar a interpretação legal ao pé da letra, chega-se ao patamar de pessoa idosa, acima dos 65 anos. Porém, ela alerta também que, no caso das estudantes, foi mais evidente, porque a pessoa atingida tem 40 anos.
“Como uma pessoa de 40 anos pode ser considerada idosa? Em casos de legislação, se for acionar a lei, puxa pelo Estatuto do Idoso, que fala de multa e reclusão. Então, o etarismo está muito além de toda a reflexão pautada nesse idoso de 65 anos”, pontua.
“Eu estou percebendo isso, enquanto uma pessoa com mais de 50 anos, mulehr e negra. Enfim, pautar só a questão da criminalização, temos que pensar no Estatuto e como a legislação vai lidar com isso. Enquanto idoso, legalmente, são 65 anos. São questões sociais que vão aparecendo e vão trazendo novas possibilidades, novas reflexões e novas questões“, analisa.
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As reações nas redes sociais foram inúmeras e, a grande maioria condenando a atitude das três estudantes. “Acho lindo a turminha desconstruidona que luta contra o machismo, homofobia, racismo, misoginia… pipipi e popopo, valendo-se, em qualquer oportunidade, de uma das manifestações mais toscas de preconceito: o etarismo, principalmente contra mulheres! Ai, ai…”, escreveu.
Em determinado ponto do vídeo, uma das três estudantes comenta que a colega, com 44 anos, “não deveria saber o que é Google”. Uma outra seguidora lembrou que a idade não define o nível de conhecimento de uma pessoa. “Tenho 48 anos. Estou no 8° Período na faculdade de Psicologia. Sei o que é Google e sei mais, sei o que Empatia, Respeito e Etarismo. Minha idade não me define e a sua?”, questiona.
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