Um estudo divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Unicef e outras instituições aponta que estudantes que vivem em áreas dominadas por milícias ou pelo tráfico na Região Metropolitana do Rio têm um pior desempenho escolar e maiores índices de evasão. A pesquisa relaciona o domínio armado e os confrontos frequentes à queda no aprendizado e à saída precoce de jovens da escola, agravando desigualdades e comprometendo o futuro de milhares de crianças e adolescentes.
A pesquisa “Educação Sob Cerco”, realizada pelo Unicef, Instituto Fogo Cruzado, Geni-UFF e Ceres-Iesp, analisou dados de 2022 e concluiu que a violência armada afeta diretamente o rendimento e a permanência de estudantes na escola. Alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental que vivem em áreas sob controle de grupos armados tiveram notas até 10 pontos mais baixas no Saeb, o que representa um atraso equivalente a seis meses de aprendizado.

Além do impacto na aprendizagem, a evasão escolar também é maior nesses territórios. No 3º ano do ensino médio, o abandono chegou a 12,5% em regiões controladas pelo tráfico, contra 7,2% nas áreas não dominadas. Outro dado preocupante é a frequência de confrontos: em 2022, mais de 4.400 episódios de violência ocorreram perto de escolas, afetando quase metade das unidades escolares da região metropolitana do Rio.
As instituições recomendam políticas públicas que priorizem segurança no trajeto escolar, valorização de professores, reposição de aulas e articulação entre setores como saúde, segurança e educação. O Unicef alerta que a convivência constante com a violência armada compromete não só o presente, mas o futuro de milhares de jovens. A Secretaria de Segurança Pública do Rio declarou que as operações seguem protocolos com comunicação prévia às secretarias de educação.
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