Estudo aponta que restam apenas 3 anos para evitar os piores efeitos da crise climática

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Faltando menos de quatro meses para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), um novo alerta divulgado por cientistas climáticos indica que o tempo para evitar os piores impactos da crise climática está se esgotando. De acordo com a apuração da Reuters, os dados mais recentes apontam que, mantido o atual ritmo de emissões de gases de efeito estufa, a “cota de carbono” restante será completamente consumida em menos de três anos.

O relatório mais recente da equipe global liderada por Piers Forster, um dos autores da análise científica, revela que o aquecimento global causado por ações humanas atingiu 1,36°C em 2024. Quando somada à variabilidade natural do sistema climático, a temperatura média global chegou a 1,52°C acima dos níveis pré-industriais, ultrapassando o limite estabelecido pelo Acordo de Paris.

Um novo alerta divulgado por cientistas climáticos indica que o tempo para evitar os piores impactos da crise climática está se esgotando – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

O tratado, legalmente vinculativo, prevê que os países signatários devem atuar para manter o aquecimento abaixo de 1,5°C, evitando os efeitos mais severos das mudanças climáticas. Segundo o levantamento, apenas 25 países responsáveis por cerca de 20% das emissões globais, apresentaram até agora seus planos atualizados de redução de emissões, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

Na África, somente Somália, Zâmbia e Zimbábue cumpriram esse compromisso. Isso deixa 172 países ainda sem planos submetidos, incluindo diversas economias importantes. Entre os planos apresentados, apenas o do Reino Unido está alinhado com as metas do Acordo de Paris. Ainda segundo a Reuters, apenas cinco membros do G20, grupo responsável por cerca de 80% das emissões globais, submeteram seus planos com metas para 2035: Brasil, Canadá, Japão, Estados Unidos e Reino Unido.

O relatório reforça que, além de cumprir metas de mitigação, os países devem apresentar ações de adaptação à nova realidade climática. Os dados indicam aumento nas temperaturas extremas, elevação do nível do mar e maior intensidade de chuvas. A África, por exemplo, vive atualmente sua pior crise climática em mais de uma década, afetando milhões de pessoas e meios de subsistência.

Outro dado preocupante do relatório é que apenas 10 dos planos atualizados reafirmam o compromisso com a eliminação dos combustíveis fósseis. Com isso, cresce a expectativa sobre os compromissos que União Europeia, China e Índia apresentarão, já que suas decisões podem influenciar muitos outros países.

Para os cientistas, a lentidão dos governos contrasta com a urgência da situação. “Se tratássemos os dados climáticos como tratamos os relatórios financeiros, o pânico se instalaria a cada nova atualização”, destacaram os autores do estudo, alertando que o acesso a dados climáticos em tempo real é crucial para tomadas de decisão mais rápidas e eficazes.

A Semana Climática da ONU (UNFCCC), marcada para setembro em Adis Abeba, na Etiópia, será uma etapa importante rumo à COP30. O evento abordará temas como financiamento climático e justiça na transição para economias de baixo carbono, com atenção especial aos países que ainda estão elaborando suas NDCs.

Segundo os autores do relatório, ainda há tempo para reverter a trajetória atual, mas isso exigirá que os governos atuem com rapidez e ambição. O envio de novos planos antes da COP30 pode representar um passo decisivo para preencher a lacuna entre reconhecer a gravidade da crise e agir de forma proporcional à sua urgência.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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