Um espetáculo com a temática favelada e periférica que versa sobre as subjetividades construídas nestes territórios. Este é o pano de fundo da peça “Sem Neurose“, interpretada por Gustavo Luz e direção de Glauce Guima, que fará apenas três apresentações gratuitas na Areninha Hebert Vianna e no Centro de Artes da Maré (CAM) entre os dias 12 a 23 de fevereiro.
A peça reforça que, apesar das favelas serem objetos de estudos e experimentações há algumas décadas, suas populações ainda sofrem com a carência de protagonismo na eficiência de suas questões. As necessidades de bairro são de caráter coletivo e singular, uma extensão da dicotomia da própria favela.
![](https://noticiapreta.com.br/wp-content/uploads/2025/01/26082024-IMG_1356-1.png)
“Mesmo sendo uma problemática antiga e persistente, o que se apresenta como solução é a contínua evidenciação e realização de novas abordagens, sobre seus tipos de carências. A partir dessa semente provocativa, é que surge a montagem teatral Sem Neurose”, pontua Glauce Guima, diretora do espetáculo.
Numa realidade onde o ritmo acelerado da população é um estado comum, alimentar o imaginário do homem através da pausa da contemplação da arte é tarefa sucinta e destinada aos artistas. “Poder contrapor uma sociedade anestesiada nas emoções com a sensibilidade do fazer artístico é a capacidade que um artista possui. Evidenciar o tema é também colocar ele em discussão, e criar sementes em torno desse universo, é uma proposta do Sem Neurose“, completa Glauce.
“Sem Neurose” constroi narrativas através de uma dramaturgia que costura poemas e escritas autorais, produzidas na Maré, além de referências antológicas, como a literatura de Geovani Martins, escritor de romance e contos. “A proposta é trazer esse olhar periférico para a peça, através desses artistas mareenses e de fora do território, mas sempre com a sensibilidade de não perder a nossa essência favelada”, comenta o ator e protagonista, Gustavo Luz.
O complexo de favelas da Maré possui, atualmente, mais de 140 mil habitantes, distribuídos em 15 comunidades, segundo o estudo Censo Maré, realizado pela ONG Redes da Maré. Para Gustavo Luz, esse quantitativo faz com que o complexo produza muita arte diariamente. “A Maré é uma efervescência cultural muito grande e não podemos focar apenas nas carências. Elas existem, sabemos disso, mas é preciso olhar adiante, olhar além do que é mostrado rotineiramente. A Maré é cultura e inspiração para cada um de nós”, finaliza.
Gustavo Luz
Atuou como o personagem Palito, na série “Segunda Chamada” (Globo Play), interpretou o João Marcelo, na série “Negociador” (Amazon Prime) e estreou no cinema com o filme Ana (Marcus Faustini), no Festival do Rio.
No teatro, integra o elenco da premiada peça “Um Tartufo”, com direção de Bruce Gomlevsky. E estreia, em setembro, o solo Sem Neurose na Maré, favela onde começou sua formação artística.
Glauce Guima
Diretora assistente em “O Figurante” com Mateus Solano (2024), e “Dom Quixote” (2023) e “A Inquilina”, ambas direção de Fernando Philbert. Começou nesta função como assistente de direção de Domingos Oliveira em “O Apocalipse Segundo Domingos Oliveira”(2008), “Confronto” (2009), “Show Íntimo” (2009), “Quatro semanas de amor” de amor” (2009), “Do Fundo do Lago Escuro (2010), “Turbilhão” (2011), “Sentimento do Mundo” (2011); e no cinema em “Primeiro Dia de Um Ano Qualquer”(2011), “Paixão e Acaso” (2012). Na TV, na série “Coisas Pelas Quais Vale à Pena Viver” (2011). Foi assistente de direção de Bruce Gomlevsky em
“O Homem Travesseiro” (2014), “Aos Domingos” (2013) e “Pai”(2012). Foi assistente de direção de Denise Bandeira em “A Eva Futura” (2011). No teatro dirigiu o bailarino da Cia Lia Rodrigues, Francisco Thiago Cavalcanti, em seu primeiro solo, “Mãe”, baseado em “Querô” de Plínio Marcos. Em 2022 dirigiu o clipe “Senão Eu Morro”.
Leia também: Museu das Favelas é premiado pela APCA com exposição ‘Racionais Mc’s: O Quinto Elemento’