O espetáculo brasileiro “Ginga Tropical” é um dos destaques confirmados de uma das principais noites do Vodun Festival 2025, que acontece até 13 de janeiro em Benin, na África Ocidental. Em cartaz há 12 anos, o show idealizado, dirigido e produzido por Rose Oliveira, foi adaptado para uma apresentação especial que acontecerá nesta quinta-feira (08).
Para o Festival, 13 dançarinos do elenco do Ginga, chegaram ao país a convite das autoridades do locais onde, além do show, irão participar de algumas solenidades, entre elas, a que vai sacramentar a cidadania beninense ao elenco. A cerimônia é uma forma de resgatar as origens e a ancestralidade dos artistas, primeiros da categoria a receber o documento das mãos do presidente do país de onde cerca de 2 milhões de africanos saíram rumo ao Brasil escravizados entre os séculos XVI E XIX.
No grupo composto somente por dançarinos negros, Luana Bandeira, Paolla Nascimento e Larissa Reis, destacam a emoção e a importância de representarem o país no evento.
“Ir para o Benim tem um sentido totalmente especial, principalmente para mim que considero essa viagem um presente ancestral. Estou no fim do puerpério e considero um pontapé especial para o início de um novo ano. Aliás, é preciso ressaltar que esta conexão com o Benin e com as tradições voduns começaram com o enredo que deu o campeonato para a Viradouro”, diz Luana, destaque da vermelha e branca.
Viajando pela primeira vez ao continente africano, Paolla Nascimento, musa da Porto da Pedra também acredita que a apresentação do espetáculo é uma maneira de reconexão com a ancestralidade, assim como Larissa Reis, que em 2025 será musa da Unidos de Padre Miguel, cujo enredo retrata a história do Terreiro da Casa Branca, o mais antigo ilê em funcionamento do Brasil.
“Está sendo uma oportunidade muito valiosa que o Ginga está me dando de retornar à África, onde já estive por duas vezes, mas agora conhecendo o Benim, nosso berço ancestral, mais uma cultura, porque a África é tão diversa. Faz menos de seis meses que estou neste elenco formado por pessoas que respiram a cultura brasileira, com um show que resiste há mais de uma década, que é um representante, um agente cultural importantíssimo do Brasil,que representa a nossa cultura, a nossa diversidade. Estou bem ansiosa”, comenta.
Vodun Festival e Sua Importância Cultural
O Vodun Festival, realizado anualmente, é uma homenagem às religiões e tradições africanas que têm profundas raízes históricas na região. A celebração atrai visitantes de todo o mundo para testemunhar danças, rituais e manifestações culturais que preservam a ancestralidade africana. Em 2025, o festival reforça seu papel como ponte entre África e sua diáspora ao incluir o elenco do “Ginga Tropical” como convidado especial, simbolizando a continuidade da herança cultural compartilhada.
O espetáculo é um tributo à diversidade rítmica e cultural brasileira. Misturando elementos do samba, maracatu, ijexá e outras expressões musicais afro brasileiras, o show não apenas celebra a musicalidade do país , mas também reforça os laços históricos e culturais entre Brasil e África, que tem ganhado reconhecimento internacional por sua abordagem única que une tradição e inovação artística e já foi apresentado na China e nos Emirados Árabes.
Para Rose Oliveira, a apresentação em solo africano vai muito além de um simples show é uma conquista para a cultura e para os artistas que estão levando os ritmos e as histórias brasileiras para palcos ao redor do mundo.
“A participação no Vodun Festival 2025 é uma celebração do nosso retorno às origens e uma oportunidade de reafirmar nossa conexão com as raízes africanas que moldaram a identidade brasileira. Esse gesto simbólico da cidadania, reforça o reconhecimento da contribuição do Brasil na preservação e propagação da herança cultural africana. A participação do “Ginga Tropical” no Vodun Festival vai além de um espetáculo cultural: é um reencontro com as raízes africanas que deram origem a grande parte das expressões artísticas brasileiras. O evento reafirma o papel de festivais como o Vodun na celebração da ancestralidade e no fortalecimento dos laços globais entre África e suas diásporas”.