Espetáculo “Amor de Baile” celebra o movimento Black Rio dos anos 70 no Rio

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O espetáculo multilinguagem “Amor de Baile”, que mergulha na efervescência cultural do movimento Black Rio, destacando o empoderamento racial presentes nos bailes da década de 70, entra em cartaz no Teatro II do Sesc Tijuca, na zona norte do Rio, nesta quinta (30).

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A peça promove reflexões sobre o amor entre pessoas racializadas como uma poderosa ferramenta de resistência ao racismo, celebrando a estética e a autoestima da população negra brasileira. A estreia acontece às 19h, e segue com apresentações de quinta a sábado, às 19h, e domingos, às 18h, até o dia 30 de junho. 

Elenco de “Amor de Baile” /Foto: Josélia Frasão

Idealizado por Juliane Cruz e Junior Melo, com texto de Tati Vilela, Direção de Rei Black e Produção de Wellington de Oliveira, os ingressos só podem ser adquiridos na bilheteria do Sesc Tijuca.

A partir das múltiplas linguagens poéticas que permeiam o Baile Black da década de 70, em paralelo à manifestações artísticas da periferia contemporânea, a peça valoriza a afetividade dos encontros gerados por esse movimento. Tati Villela, dramaturga do espetáculo, destaca: “

Dando espaço para as sensorialidades através do balanço dos corpos e da música, os corpos negros dizem por si só. Como diz Leda Maria Martins em ‘Afrografia da memória’, nosso corpo fala”, reflete. Ao mesmo tempo, “Amor de Baile” também questiona a criminalização da cultura favelada e suburbana, promovida pelos efeitos do racismo estrutural, institucional e midiático.

Em meio à ditadura militar, os Bailes de Soul Music fomentaram a produção artística suburbana e a exaltação da estética e autoestima da população negra brasileira. “Beije sua preta em praça pública” dizia a capa do Jornal – Movimento Negro Unificado. Partindo dessa provocação, o espetáculo “Amor de Baile” aborda quais ferramentas de luta contra o racismo a juventude black dos anos 70 utilizou para se aquilombar e combater o racismo, como destaca Juliane Cruz, atriz, dramaturgista e idealizadora do projeto.

Para além do amor romântico, amor como um movimento político, como fenômeno social, amor pela sua negritude e pelo seus iguais”, ressalta.

Sob a perspectiva estética, política e poética da frase “Black is beautiful!”, movimento cultural iniciado nos Estados Unidos, é desenvolvida a narrativa da peça, como ressalta Rei Black, diretor artístico do projeto. “Nos meados dos anos 70, com a influência deste movimento, os negros passaram a assumir sua própria identidade com orgulho e atitude. Mesmo nos anos de maior repressão da ditadura, foi possível reconectar nosso povo preto, unindo milhares de pessoas com o propósito de dançar, se reconhecer e se amar”, destaca.

Com uma linguagem contemporânea, lúdica e afro futurista, “Amor de Baile” é um espetáculo multilinguagem. “Há teatro, dança, canto, poesia, audiovisual e muito amor entre pessoas pretas, resgatando memórias e retratos vividos por pessoas que atravessaram e viveram essa revolução preta no subúrbio carioca”, ressalta o diretor artístico.

A abordagem de luta contra o racismo no Movimento Black Rio aconteceu através da cultura, da festa e do entretenimento, influenciando de forma significativa em como a geração atual se fortalece em relação à autoestima, identidade e comportamento, como evidencia Junior Melo, ator, produtor e idealizador do projeto. “Como público alvo, visamos alcançar não só a geração que lotava as pistas daquela época, mas também uma juventude que bebe do legado desse grande movimento cultural, sem nem mesmo conhecê-lo”, destaca. 

50 anos depois do surgimento do Movimento Black Rio, é possível ver sua importância sendo reconhecida em vários níveis, seja em exposições ou no cinema. Dom Filó, produtor cultural que participou ativamente do movimento, assume a supervisão geral do projeto e comemora este feito.

Agora chega a vez da dramaturgia, com a peça teatral ‘Amor de Baile’. Eu, como sujeito da ação, sendo um dos que viveram todo o processo, me sinto honrado em contribuir com esse projeto. E mais ainda, ter o privilégio de fazer parte de uma narrativa pensada e produzida por negros descendentes da herança africana que construiu este país. Gratidão pela oportunidade”, conclui.

SERVIÇO

Data: 30 de maio a 30 de junho – de quinta a domingo (exceto entre os dias 20 e 23 de junho de 2024)

Horário: 19h (quinta a sábado), 18h (domingo)

Endereço: Teatro II Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca, Rio de Janeiro – RJ)

Classificação: 12 anos

Ingresso: Adquiridos na bilheteria do Sesc Tijuca

FICHA TÉCNICA

Elenco: Adrielle Vieira, Juliane Cruz, Junior Melo, Letícia Ambrósio, Lucas Sampaio e Wayne Marinho

Direção Artística: Rei Black 

Direção de Movimento: Gabriela Luiz 

Direção e Produção Musical: Beà Ayòóla 

Dramaturgia: Tati Vilella

Dramaturgista: Juliane Cruz 

Figurino: Carla Costa 

Cenografia: Cachalote Mattos 

Iluminação: Jon Tomaz 

Mentoria Vocal: Daniel Motta

Produção: WDO Produções

Coordenação de Produção: Wellington de Oliveira

Voz Off: Nathalia Grillo

Idealização: Juliane Cruz e Junior Melo

Supervisão Geral: Dom Filó

Social media: Nathália Brambrila 

Designer: Guile Farias 

Direção de Imagem: Carolina Godinho

Acervo e Imagens: Cultine

Assessoria de imprensa: Monteiro Assessoria de Imprensa 

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