Especialista aponta importância da amamentação: “infecções são em menor quantidade, gravidade e duração”

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Durante o chamado Agosto Dourado, a área da saúde promove uma campanha de conscientização sobre a importância da amamentação. Em entrevista ao Notícia Preta, a médica pediatra Tiacuã Fazendeiro, que trabalha com amamentação e é co-criadora do projeto ‘Igbaya – Apoio a Amamentação Negra’ junto com a psicóloga , detalhou os benefícios não só para o bebê mas também para quem amamenta.

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As infecções que os bebês vão ter quando eles são amamentados, são em menor quantidade, em menor gravidade e menor duração. Então isso é muito interessante do impacto nos primeiros anos de vida, mas também que se mantém depois“, explica a pediatra, que pontua que os anticorpos produzidos pelas mães que passam para os bebês pelo leite materno.

A campanha do Agosto Dourado incentiva a amamentação /Foto: Elza Fiuza – Agência Brasil

Neste mês em que também é comemorado o Dia Nacional da Saúde, na última segunda-feira (05), a especialista lista os variados impactos positivos para a saúde da criança em seus primeiros meses de vida, com a amamentação.

Ganho de peso adequado, uma melhor digestibilidade já que ele tem um formato de gordura que facilita a absorção, as proteínas de maneira adequada, previne doenças infecciosas, infecção de ouvido, pneumonia, diarreia, morte no primeiro ano de vida por doenças infectocontagiosas e desidratação, além do vínculo com a mãe e o bebê”, explica.

Segundo Tiacuã, a amamentação também impacta positivamente as mães, que possuem menos risco de ter doenças cardiovasculares, de mama e depressão pós parto.

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De acordo com o Ministério da Saúde, é recomendado a amamentação para crianças de até os dois anos de idade ou mais, e que ela seja exclusiva nos primeiros 6 meses do bebê. A longo prazo a pediatra também sinaliza que os impactos também são significativamente positivos.

As crianças amamentadas tem menos risco das doenças cardiovasculares como hipertensão, obesidade, diabetes, infarto, que hoje a gente sabe que são as maiores causas de morte no Brasil, e tem menos risco de alergia, asma, câncer, além de todo o aprendizado motor da face e no processo de desenvolvimento“, explica a especialista.

Amamentação e mulheres negras

Tiacuã explica que não existem muitos dados brasileiros sobre amamentação e raça, que determinem se mulheres negras amamentam mais ou menos, por exemplo, mas que o histórico com relação a saúde da população negra implica nos acessos e possibilidades nesse processo também.

Se a gente olha a história da medicina, as mulheres negras foram usadas como objetos de estudo, mas nunca foi produzida uma ciência que atendesse às suas necessidades“, diz a pediatra, que continua:

A gente tem dados mostrando que as mulheres recebem menos, as mulheres negras têm acesso a menos consulta de pré-natal, menos informações no pré-natal sobre a amamentação as mulheres negras têm mais chance de terem sua internação recusada quando em trabalho de parto, então tudo isso são dados estatísticos que ainda temos no Brasil“, pontua.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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