O envelhecimento humano não acontece de forma linear, mas sim com picos de aceleração biológica aos 44 e aos 60 anos, segundo pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. E embora o processo seja natural para todos os corpos, peles negras envelhecem de maneira diferente, com maior tendência à hiperpigmentação e flacidez, segundo estudos dermatológicos internacionais.
A pesquisa de Stanford, publicada na revista científica Nature Medicine, analisou mais de 600 tipos de moléculas em 108 voluntários ao longo de anos. O levantamento revelou que, aos 44 anos, o corpo passa por uma transformação intensa, principalmente no metabolismo de lipídios, álcool e cafeína, além de processos relacionados ao envelhecimento da pele, perda muscular e riscos cardiovasculares. Já aos 60 anos, o impacto atinge funções imunológicas, renais e acentua as mesmas questões observadas nos 40, agravando a perda de massa muscular e os riscos metabólicos.

“Existem alterações realmente drásticas. Não é um processo puramente gradual”, afirma o geneticista Michael Snyder, coautor do estudo. Segundo ele, entender esses marcos é essencial para desenvolver estratégias de prevenção de doenças crônicas, como Alzheimer e problemas cardíacos.
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Envelhecimento da pele negra
Embora o estudo de Stanford não tenha recorte racial, há pesquisas específicas sobre como o envelhecimento impacta de forma diferente a pele negra em relação à pele branca.
De acordo com uma revisão publicada no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, a pele negra possui maior concentração de melanina, o que oferece proteção natural contra os danos solares e retarda o surgimento de rugas profundas. Esse fator torna o envelhecimento visível da pele negra mais tardio em relação às peles claras.
No entanto, a pele negra tem maior propensão a desenvolver hiperpigmentações, como melasmas e manchas escuras, especialmente nas fases em que o organismo passa por alterações inflamatórias e metabólicas, como as destacadas pelo estudo de Stanford aos 44 e 60 anos. Isso acontece porque a melanina, além de atuar como fotoprotetor, também responde de forma intensa a processos inflamatórios e cicatriciais.
Outro estudo, publicado na revista científica Skin Research and Technology, aponta que, apesar da barreira cutânea da pele negra ser mais resistente, ela é mais propensa ao ressecamento, o que favorece o surgimento de linhas finas e flacidez, principalmente ao redor dos olhos, boca e contorno facial.
A estrutura da pele negra também apresenta diferenças no colágeno. Pesquisas indicam que, ao longo do tempo, há uma diminuição na densidade de colágeno nos tecidos profundos, o que contribui para a perda do contorno facial a partir da meia-idade.
Compreender os picos de envelhecimento mapeados pela Universidade de Stanford e como eles se cruzam com as particularidades da pele negra é essencial para o autocuidado.
A partir dos 44 anos, já se recomenda atenção redobrada para:
- Hidratação intensa, para evitar ressecamento;
- Uso diário de protetor solar, fundamental para prevenir manchas e hiperpigmentações;
- Rotina de cuidados antioxidantes, seja via alimentação ou cosméticos;
- Sono de qualidade e atividades físicas regulares, que ajudam a combater os efeitos dos processos inflamatórios observados no envelhecimento biológico.
Aos 60 anos, os cuidados devem ser reforçados, já que se intensificam os riscos de disfunções no sistema imunológico e alterações metabólicas que impactam diretamente na saúde da pele e do organismo.