“Aumenta muito a qualidade de vida”, diz economista sobre moeda de quilombo na Bahia

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O economista Wallace Borges, formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), acredita que a moeda social do Quilombo Kaonge, na cidade de Cachoeira (BA), ajuda a dar dignidade a pessoas da comunidade que estão em situação de vulnerabilidade, e debate a importância da criação de moedas sociais para solucionar parte dos problemas financeiros de famílias humildes, principalmente das mulheres.

Ao Notícia Preta o economista, que tem moeda como objeto de estudo, explica a situação. “Sem dúvida aumenta muito a qualidade de vida, pois essas mulheres saem de um cenário de violência financeira pra um cenário de dignidade a até mesmo oportunidades de gerir suas prioridades e seus objetivos de vida”, disse Borges.

Economista Wallace Borges / Foto: Arquivo Pessoal

A moeda chamada de sururu – criada em 2012 – e o banco social chamado Banco Comunitário Solidário dos Iguapes, foram criados para auxiliar a comunidade do Quilombo Kaonge, pois em momentos em que não tinham dinheiro, as mulheres do quilombo deixavam o cartão do bolsa família com os donos de comércio como garantia de pagamento.

Em entrevista à Folha de S.Paulo a professora Rosângela Viana, moradora local deu detalhes sobre a situação. “O vendedor me dizia ‘eu te vendo, mas tu me dá o teu cartão como garantia’. Não tinha outra opção, a gente precisava comer e dar comida aos nossos filhos”.

Mulheres separam sementes de dendê, na comunidade quilombola Kaonge, em Cachoeira (BA). (Tatiana Azeviche / Setur-BA )

“A criação de moedas sociais são muito importantes para comunidades, pois quando se tem uma economia local forte, a população fica menos exposta aos problemas como endividamento crônico, pagamento de produtos mais caros devido o custo de loja/intermediário entre outras questões”, explica o economista, que também faz algumas situações sobre o tem que exigem atenção.

Mas é importante que as moedas sociais tenham alguma ligação direta com o município em que a comunidade quilombola está localizada, pois bancos passam por instabilidades e os municípios podem agir numa situação de crise ou na resolução de problemas naturais de banco mesmo que esse tenha abrangência apenas local”, analisa Wallace.

A moeda criada no quilombo circula apenas no Vale do Iguape, e o Banco Central sabe de sua existência.

As cidades de Maricá e Niterói, no estado do Rio de Janeiro, também possuem moeda social própria, a moeda é utilizada como forma de auxílio a pessoas em vulnerabilidade econômica. Em Niterói 36 mil famílias vão ser beneficiadas com o uso da moeda social segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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