Entre março e maio de 2025, o Brasil registrou um aumento significativo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças, especialmente após o retorno às aulas presenciais. Segundo o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em abril, foram notificados 45.228 casos de SRAG no ano epidemiológico, sendo 19.420 (42,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Dentre os vírus identificados, destacam-se o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por 38,4% dos casos positivos, e o rinovírus, com 27,9%.
O aumento de casos tem sido mais acentuado em regiões com menor infraestrutura de saúde e educação. Estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, como Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Pará, apresentaram níveis de incidência de SRAG variando de moderado a muito alto. Capitais como Belém, Boa Vista, Macapá e São Luís também estão em alerta devido ao crescimento dos casos.

Especialistas apontam que fatores como aglomeração em salas de aula, falta de ventilação adequada e infraestrutura precária contribuem para a disseminação de vírus respiratórios. Além disso, comunidades de baixa renda enfrentam desafios adicionais, como acesso limitado a serviços de saúde e condições habitacionais inadequadas, exacerbando a vulnerabilidade dessas populações.
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A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz, destaca a importância de medidas preventivas: “É essencial que qualquer pessoa com sintomas de gripe ou resfriado use uma boa máscara ao sair de casa, como N95 ou PFF2. Também é fundamental usar máscaras dentro dos postos de saúde, onde a exposição aos vírus é maior”.
A situação evidencia a necessidade de políticas públicas que considerem as desigualdades sociais e regionais no enfrentamento de doenças respiratórias. Investimentos em infraestrutura escolar, acesso à saúde e campanhas de vacinação são essenciais para proteger as crianças mais vulneráveis e reduzir o impacto dessas doenças no país.