O documentário Em Todo Lugar Há de Haver Elas traz relatos de mulheres negras sobre suas jornadas como médicas e advogadas, profissões ocupadas por maioria de pessoas brancas. A produção audiovisual é do Coletivo Mulheres Jornalistas e está disponível gratuitamente no Youtube.
Viviane Scrivani é advogada e participou do documentário. Ela contou que precisou vencer o racismo em entrevistas de estágios, pois sempre a perguntavam como se sentiria sendo a primeira estagiária negra do escritório. Além disso, também ouvia questionamentos em relação a sua reação com “brincadeiras no ambiente de trabalho.
“Quando vi que fui para a final e eu empatei com uma mulher branca, então me retornaram dizendo que eu não tinha passado, ali percebi que o meu tom de pele tinha falado mais alto que minha competência”, afirmou a advogada.
Relatos
O documentário apresenta “profissões que são sonhadas por mulheres pretas, mas que também tiveram que ser exploradas por elas, por falta de representatividade e muitas vezes empatia”, de acordo com a descrição do youtube. Mas é direcionado para todas as pessoas “que ainda acreditam que basta apenas sonhar e que os espaços são para todos”.
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A produção destaca então que “o universo de lutas diárias que mulheres negras enfrentam ainda precisa ser modificado e apoiado por todos nós”. O documentário foi produzido por 10 mulheres, entre elas estava Letícia Fagundes, a diretora. Ela disse ao portal Mundo Negro que se cobra muito que pessoas pretas sonhem como os brancos, ao mesmo tempo que esses espaços não são acolhedores.
“As pessoas negras precisam fazer um esforço gigantesco para chegar ao estágio de servidão. A gente coloca isso no documentário e a realidade disso (…) Retratamos a realidade, as mulheres negras periféricas, as mulheres negras médicas, advogadas e jornalistas”, disse.