Estamos vivendo um período histórico onde as novas narrativas e novos imaginários são essenciais para a evolução da nossa sociedade”, destaca a niteroiense Tati Villela, ganhadora do Troféu Redentor na categoria melhor atriz na competição oficial da Première Brasil que aconteceu nesse domingo (19), na 23ª edição do Festival do Rio, o maior festival de cinema da América Latina. Dando vida à advogada Conceição, no filme “Mundo Novo”, de Álvaro Campos, esse é seu primeiro longa, já estreando como protagonista, gravado durante a pandemia no Vidigal e Leblon, o filme narra as complexidades da relação entre o casal inter-racial Cons e Presto.
“Esse prêmio tem uma grande importância na minha vida, na minha carreira e no cinema brasileiro. Esse prêmio mostra a importância de atores e atrizes pretos habitarem de forma igualitária o audiovisual e o cinema, principalmente no país. Esse prêmio não tem como ser só meu, ele é dedicado a todas as atrizes negras que vieram antes de mim e abriram a mata, coração e o tapete vermelho para eu poder estar aqui. É de um simbolismo gigante ele chegar nas minhas mãos nesse momento, onde precisamos cada vez gerar oportunidades iguais para todos”, destaca Tati.
Em outras categorias ganharam o prêmio especial do júri o filme “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos. Melhor direção/ficção, Anita Rocha da Silveira por Medusa e Laís Bodansky por “A Viagem de Pedro”. Romulo Braga como melhor ator por “Sol”. Lara Tremouroux, por “Medusa”. Sérgio Laurentino como melhor ator coadjuvante por “A Viagem de Pedro”. O troféu de melhor roteiro ficou com Álvaro Campos e elenco também pelo filme “Novo Mundo”. Melhor direção/documentário com Murilo Salles com “Por Uma Baía”. Melhor fotografia por “Casa Vazia”, Ivo Lopes Araújo. Já o prêmio de melhor montagem ficou com Eva Randolph por “Uma Baía”.
Tendo na bagagem uma carreira consolidada no teatro, a niteroiense, de 35 anos, que nasceu no Morro do Cubango, por meio desse reconhecimento colhe os frutos de sua entrega a essa personagem.
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Com uma economia reservada, Cons, como é carinhosamente conhecida, é uma advogada com uma carreira promissora, já Presto, mais jovem que ela, é um artista cheio de sonhos. Durante o período de isolamento social, eles se aproximam mais intimamente, e Presto decide morar com Cons em sua casa localizada no Leblon.
“A minha personagem é a Conceição, uma mulher que tenta enxergar no Presto, o homem para dividir a vida, para casar, morar no mesmo lar e constituir uma família”, conta a atriz.
Rompendo barreiras numa sociedade que marginaliza a imagem da mulher negra, a vida de Tati se confunde com a de sua personagem no que tange a força negra feminina em meio ao racismo estrutural. “É importante representarmos mulheres negras bem sucedidas no audiovisual. Precisamos nos acostumar com essa realidade. O mercado está cheio de atores negros ávidos para trabalhar e querendo oportunidades para poder representar personagens múltiplos, contribuindo para a formação de novos imaginários, novas narrativas, trazendo para o centro da cena outras perspectivas e subjetividades”, pontua.
E completou dizendo: “É uma grande honra ter competido ao lado de outras atrizes e fazedores de arte que eu tanto admiro como Lázaro Ramos, Taís Araújo, Ailton Graça, Joelzito Araújo, entre outros. Estou muito feliz em mostrar o meu trabalho nesse festival e comemorar a volta presencial aos cinemas”, conclui.
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