O desmatamento na Amazônia Legal registrou uma queda significativa no primeiro bimestre de 2024. Conforme dados divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) nesta segunda-feira (18). Neste período, foi registrado o menor índice dos últimos seis anos. Apesar deste avanço, o desafio para alcançar a meta de desmatamento zero até 2030, permanece.
No período em questão, foram derrubados 196 km² de floresta, que é o equivalente à área da cidade de Salvador, na Bahia. Essa cifra representa uma redução notável em comparação com os 523 km² desmatados no mesmo período do ano anterior, que corresponde ao tamanho de Brasília.
Apesar da queda, os índices ainda se mantêm acima dos registrados entre 2008 e 2017, com exceção de 2015. Durante esse período, o desmatamento permaneceu abaixo de 150 km² em todos os anos.
Aumento em alguns estados
Apesar da queda geral, dois dos nove estados da Amazônia Legal apresentaram aumento na devastação. Maranhão e Roraima registraram elevações significativas, com destaque para Maranhão, onde a área desmatada aumentou 150% em um ano, passando de 2 km² para 5 km². Já em Roraima a elevação foi de 37%, indo de 19 km² para 26 km².
Segundo pesquisadores do Imazon, esse aumento requer atenção especial, principalmente devido à invasão do desmatamento em áreas protegidas, como a Reserva Biológica do Gurupi e a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra.
O estudo também revela um ranking dos estados mais afetados pelo desmatamento, com Mato Grosso liderando com 32%, seguido por Roraima (30%) e Amazonas (16%). Juntos eles representam 77% do total desmatado. No Mato Grosso, o crescimento da agropecuária impulsionou o desmatamento, enquanto em Roraima a devastação atingiu terras indígenas, e no Amazonas, a expansão do desflorestamento ocorreu em assentamentos.
Imazon
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) é uma das ferramentas de vigilância e monitoramento do desmatamento na Amazônia Legal, através de seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Criado em 2008, o SAD é capaz de reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região.
Uma das características distintivas do SAD é sua capacidade de detectar áreas desmatadas a partir de 1 hectare, utilizando satélites mais refinados do que os sistemas do governo. Enquanto os alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) levam em conta áreas maiores que 3 hectares, os satélites utilizados pelo Imazon permitem uma detecção mais precisa e ágil do desmatamento.
O sistema utiliza atualmente uma combinação de satélites, incluindo os Landsat 7 e 8 da NASA e os Sentinel 1A, 1B, 2A e 2B da Agência Espacial Europeia (ESA), todos de domínio público. Essa diversidade de satélites permite que o sistema enxergue a mesma área a cada 5 a 8 dias, priorizando a análise de imagens adquiridas na última semana de cada mês.
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Essa abordagem garante uma capacidade de detecção robusta, permitindo que o SAD identifique até mesmo áreas que foram degradadas no início do mês e posteriormente desmatadas no final do mesmo mês. Assim como o Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o calendário de monitoramento do SAD vai de agosto de um ano até julho do ano seguinte, devido à menor frequência de nuvens na Amazônia.