Pretos e pardos têm o dobro da taxa de analfabetismo em relação a brancos, aponta IBGE

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Nordeste concentrou o maior percentual de pessoas que não sabem ler e escrever - Foto: Pexels

A desigualdade racial no acesso à educação persiste no Brasil e é evidenciada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2024. Segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (13), a taxa de analfabetismo entre pessoas pretas ou pardas com 15 anos ou mais é de 6,9%, mais que o dobro da observada entre pessoas brancas, que é de 3,1%.

A diferença se torna ainda mais expressiva entre a população idosa. Em 2024, 21,8% das pessoas pretas ou pardas com 60 anos ou mais não sabiam ler nem escrever, frente a 8,1% entre as pessoas brancas da mesma faixa etária. Para o IBGE, os dados revelam o impacto de desigualdades históricas que, mesmo com avanços graduais, seguem marcando o acesso desigual à educação no país.

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Nordeste concentrou o maior percentual de pessoas que não sabem ler e escrever – Foto: Pexels

No total, o Brasil tinha 9,1 milhões de pessoas analfabetas em 2024, o equivalente a 5,3% da população com 15 anos ou mais. Apesar da leve redução em relação a 2023, quando a taxa era de 5,4%, a meta de erradicação do analfabetismo adulto prevista no Plano Nacional de Educação até 2024 não foi alcançada.

O Nordeste continua sendo a região com maior número absoluto e proporcional de pessoas analfabetas. São 5,1 milhões de pessoas, o que representa 55,6% de todo o contingente nacional. A taxa regional foi de 11,1%, mais que o dobro da média nacional. Em contraste, as menores taxas estão no Sul (2,7%) e no Centro-Oeste (3,8%).

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A série histórica da PNAD mostra que houve avanços ao longo dos últimos anos. Em 2016, a taxa de analfabetismo entre pessoas brancas era de 3,8%, e entre pretos ou pardos, 9,1%. Entre os idosos, os percentuais eram ainda mais elevados: 11,8% entre brancos com 60 anos ou mais e 30,7% entre pretos ou pardos.

Além do fator racial, a pesquisa também apontou disparidades relacionadas à renda e ao território. A taxa de analfabetismo entre os 25% mais pobres é quatro vezes maior do que entre os 25% mais ricos, refletindo a intersecção entre pobreza, raça e exclusão educacional. A maioria das pessoas analfabetas vive em áreas urbanas, embora a taxa relativa seja maior nas áreas rurais.

A PNAD Contínua 2024 reforça o retrato de um país onde o acesso à educação ainda é condicionado por raça, classe social e região. Embora os índices estejam em queda, o ritmo da mudança é lento e insuficiente para romper com desigualdades estruturais históricas.

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