No segundo dia de julgamento do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado, nesta quarta-feira (3), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu sua absolvição no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado César Vilardi contestou a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e disse que não há provas diretas que vinculem Bolsonaro aos atos de 8 de janeiro de 2023.
Vilardi argumentou que os depoimentos de Cid apresentaram contradições apontadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal e defendeu que o acordo de colaboração seja considerado nulo. Segundo a defesa, a acusação contra Bolsonaro se baseia na existência de uma minuta de decreto, encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que permitiria decretar estado de sítio, mas não há indícios de que o documento tenha sido colocado em prática.

Além de Bolsonaro, também são réus os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o próprio Mauro Cid.
A Procuradoria-Geral da República pede a condenação de todos os envolvidos por crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e deterioração de patrimônio público.
O julgamento ocorre na Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros, e deve ser retomado na terça-feira (9), com previsão de conclusão até a sexta-feira (12).
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