A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta, perdeu cerca de 2,4 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2024, segundo levantamento do MapBiomas, divulgado em agosto de 2025. A área devastada equivale a 16 vezes o tamanho da cidade de São Paulo, o que reforça a urgência de fortalecer políticas de preservação ambiental no país.
O estudo “Mata Atlântica: 40 anos do bioma com menor cobertura natural no Brasil”, mostra que, apesar de avanços pontuais em iniciativas de reflorestamento e criação de áreas de proteção, o saldo continua negativo. Mesmo com áreas regeneradas no período, o ritmo de desmatamento segue superior ao da recuperação.
A Mata Atlântica, que originalmente cobria mais de 1,3 milhão de km², hoje mantém apenas cerca de 12% de sua vegetação original. O bioma abriga mais de 20 mil espécies de plantas e 2 mil espécies de animais, muitas delas ameaçadas de extinção. Essa perda impacta diretamente a biodiversidade, o equilíbrio climático e a disponibilidade de recursos hídricos, afetando também o bem-estar das populações que vivem em seu território.
O cenário crítico da Mata Atlântica reflete uma tendência nacional. Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, em 2024, a Amazônia Legal perdeu mais de 5 mil km² de floresta, enquanto o Cerrado registrou a pior taxa de devastação em uma década, ultrapassando 7 mil km² de desmatamento.
Especialistas alertam que o avanço da agropecuária, a especulação imobiliária e o enfraquecimento de políticas públicas ambientais intensificam a degradação dos ecossistemas. Além disso, os efeitos da crise climática, como secas e queimadas, agravam o cenário de perda florestal em todo o país.
Para organizações socioambientais e cientistas, o desafio agora é reconstruir uma agenda ambiental sólida, que una fiscalização efetiva, incentivos econômicos à conservação e valorização de comunidades tradicionais e indígenas, fundamentais para a proteção dos biomas.
Como resume Mário Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, “proteger a floresta é proteger a vida e isso significa garantir água, clima e futuro para o Brasil”.
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