Uma história que discute as relações de família negra, suburbana, que precisa lidar com a morte da matriarca que deixou de herança uma casa que não existe: esse é o pano de fundo do espetáculo inédito “À vinhad’alhos”, que realiza temporada no Teatro Correios Léa Garcia, no Rio de Janeiro, entre os dias 3 e 26 de abril. O espetáculo também circulará em quatro arenas do subúrbio carioca.
O espetáculo retrata um tema que envolve conflitos familiares, mostrando que a violência que é exercida como um mecanismo de comunicação é, ao mesmo tempo, quebrada pela afetividade das memórias compartilhadas. O objetivo é mostrar como as estruturas de poder exercem força sobre a memória coletiva dos moradores dos subúrbios, sobretudo a população negra.

Produzido pelo Coletivo Sem Órgãos, a peça se passa durante a pandemia de COVID-19 e uma família com três irmãos sofre a perda da mãe, impedidos de fazer um funeral, eles resolvem prestar a última homenagem à mãe na casa onde eles viveram na infância e adolescência, e o que eles percebem é que existe uma herança deixada pela matriarca: A casa.
Uma casa típica da periferia, que foi sendo construída ao longo do tempo. Sem documentação, escritura ou inventário, os três irmãos com ideias diferentes precisam decidir o que vão fazer com a herança. No meio desse turbilhão de coisas, conflitos antigos se misturam à uma confusão acerca da casa, e o que se vê é um passeio por um universo vivido por uma típica família negra e suburbana.
Escrito e dirigido por Rodrigo de Todos os Santos, “À vinhad’alhos” é composto a partir de histórias que se repetem na vida de pessoas periféricas, principalmente dos integrantes do Coletivo Sem Órgãos, que são todos suburbanos. “Depois de três meses de investigação, entrevistas e bate-papos, vamos dar vida a esse espetáculo mantendo viva as discussões sobre o território suburbano”, explica o diretor.
Acessibilidade e formação
O espetáculo, cumprindo seu papel social de levar a cultura aos mais diversos públicos, também contará com audiodescrição em quatro das 12 apresentações e intérpretes de LIBRAS em todas as seções. Além da temporada, o projeto promoverá duas oficinas nas semanas que antecedem a estreia, que servirão como formação de plateia e capacitação de estudantes e grupos de teatro.
Uma oficina de Acessibilidade Cultural, Ministrada por Criz Muñoz e Oficina para atores, Ministrada pelos diretores do coletivo Rodrigo de Todos os Santos e Tatiane Santoro. Para mais informações, acesse o Perfil no Instagram do Coletivo Sem Órgãos.
Contemplado no edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura, “À vinhad’alhos” objetiva também deixar um legado sobre a cultura suburbana carioca contemporânea.
“Pretendemos, através das apresentações e da oficina prática, dar continuidade à pesquisa do grupo e investigar afetivamente a cultura nascida no subúrbio carioca, aquela que traz consigo suas questões do cotidiano, onde o público pode refletir e dividir situações semelhantes”, conclui Rodrigo de Todos os Santos.
Leia também: Espetáculo “Conforto” da atriz Ana Flavia Cavalcanti, está em cartaz em São Paulo com entrada gratuita