O Teatro Experimental do Negro (TEN) foi um projeto criado pelo Abdias do Nascimento, ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista brasileiro. No Dia Nacional do Teatro, comemorado nesta quinta-feira (19), o Notícia Preta homenageia essa iniciativa que entrou para a história do Brasil, responsável por alavancar uma série de artistas negros e negras para valorizar a arte e a cultura afro-brasileira.
Criado em 1944, no Rio de Janeiro, o Teatro Experimental do Negro reuniu pesquisadores, artistas, operários e moradores de favelas interessados em contar histórias diferentes, com novas narrativas. Todos juntos para quebrar estereótipos, como o direcionamento desses artistas a papéis secundários e pejorativos, e promovendo o protagonismo negro.
Segundo o próprio Abdias, o negro era alvo de rejeição no teatro como “personagem e intérprete, e de sua vida própria, com peripécias específicas no campo sociocultural e religioso, como temática da nossa literatura dramática”.
Nomes importantes da dramaturgia brasileira fizeram parte do projeto, como Ruth de Souza, Haroldo Costa, Mercedes Baptista, o próprio Abdias, e também Léa Garcia, que o Notícia Preta teve a honra de entrevistar em julho do ano passado, pouco antes da atriz falecer aos 90 anos.
“Ali eu já tive um aprendizado, uma conscientização da problemática negra pela sociedade brasileira. Então isso que me deu suporte e me possibilitou viver de uma forma, com mais conhecimento”, disse Léa, em entrevista ao Notícia Preta, sobre seu tempo no TEN.
O primeiro texto escrito diretamente para o projeto foi O filho pródigo. Escrito por Lúcio Cardoso, a inspiração foi na parábola bíblica. Mas no repertório do projeto tem espetáculos como: Palmares; O Imperador Jones; Todos os Filhos de Deus Têm Asas; O Moleque Sonhador; O Remorso do Negro Damião; Sortilégio.
Mas o projeto não se limitava apenas aos palcos. A iniciativa chegou a organizar o Comitê Democrático Afro-Brasileiro e, depois, a Convenção Nacional do Negro. O projeto também realizou o 1º Congresso do Negro Brasileiro, e também o jornal Quilombo. Apesar das grandes possibilidades, o projeto acabou em 1961.
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