Os times de vôlei da Superliga A e B, entraram em acordo com a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) sobre as alterações no regulamento, para endurecer penas em casos de atos discriminatórios. As alterações foram propostas pela CBV, e votadas em reunião na última segunda-feira (05), após denúncias de racismo feitas por jogadoras da Superliga, nas últimas semanas.
“Os clubes compreenderam a importância dessa mudança e apoiaram a iniciativa da CBV. É um passo importante para inibir e punir atos discriminatórios de qualquer natureza, que não são admissíveis no ambiente do voleibol brasileiro. A parceria dos clubes foi fundamental para que as alterações já entrassem em vigor na rodada desta segunda-feira”, diz Radamés Lattari, presidente da CBV.
“O vôlei brasileiro continuará atento e unido na missão de utilizar o poder do esporte como ferramenta da construção de um mundo mais igual e livre de preconceito”, continuou. As mudanças, no entanto, não são válidas para os casos denunciados pelas jogadoras Dani Suco, Camilly Ornellas e Thaís Oliveira, do Tijuca Tênis Clube, no final de janeiro.
Após o caso, jogadoras e torcedores pediram medidas efetivas por parte da CBV. A jogadora multicampeã Fabi Claudino, cobrou um posicionamento da instituição. “Não dá para aceitar mais, se não isso não vai parar. Então não tente duvidar quando uma pessoa chegar e falar que está sofrendo um crime, porque racismo é crime. CBV, acorda e dá um jeito nisso aí. A gente precisa se proteger”, disse ela.
Além de distribuir manual para os árbitros, informando como devem se portar em casos de discriminação, a confederação e os clubes acordaram que a infração por ação discriminatória passa a ser considerada gravíssima, e pode receber sanções que incluem multa, perda de três pontos, suspensão, perda de mando e até eliminação da competição. As sanções precisam ser validadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Casos os torcedores que praticarem atos discriminatórios, sejam identificados, somente serão aplicadas penalidades administrativas ao clube, e caso fique comprovada a reincidência, ou caso seja configurada omissão por parte do clube, no apoio à identificação de tais torcedores.
Relembre os casos
Três atletas do Tijuca Tênis Clube, do Rio de Janeiro, relatam um episódio de racismo que teria acontecido durante um jogo no dia 26 de janeiro, em Curitiba. Nele, as jogadoras Dani Suco, Camilly Ornellas e Thaís Oliveira contam detalhes do episódio e também pediram medidas contra tais atitudes, elas relataram ter ouvido sons imitando macaco e gritos de “macaca”.
Em Goiânia, o treinador da equipe do América-RN, Alessandro Fadul, parou a partida contra o Goiás para denunciar racismo. Ele relatou ao árbitro que foi chamado de “macaco” por um torcedor, mas o árbitro acabou dando cartão vermelho para o técnico, o que dá um ponto ao time adversário.
Alessandro protestou em seu Instagram e recebeu mensagens de solidariedade e apoio de amigos e fãs do esporte. Mensagens como “diga não ao racismo” podem ser vistas na postagem do técnico.