Sentir cheiro de barata é uma habilidade rara ligada a um gene específico

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Sentir o cheiro característico de uma barata, descrito como semelhante ao de peixe podre ou produto químico forte, é algo que nem todo mundo consegue. A explicação para essa diferença está no DNA humano. Apenas algumas pessoas possuem um gene funcional que permite essa detecção olfativa. Trata-se do gene TAAR5, localizado no cromossomo 6, responsável por ativar um receptor que identifica a presença da trimetilamina, substância liberada pelas baratas.

A trimetilamina, também conhecida como TMA, é uma molécula usada pelas baratas para se comunicar. Em humanos, ela provoca reações olfativas fortes, mas somente quando o gene TAAR5 está ativo e sem mutações. Pessoas com variações nesse gene podem não perceber o cheiro ou associá-lo a algo neutro ou até agradável. Uma substituição específica de aminoácidos pode tornar o receptor inativo, o que impede a detecção do odor.

Só quem tem o gene TAAR5 sente o odor característico de barata – Foto: Pexels

Esse fenômeno mostra como a genética influencia diretamente a forma como percebemos o mundo ao nosso redor. Enquanto para alguns o cheiro é insuportável, para outros ele simplesmente não existe. Além disso, pesquisas indicam que o TAAR5 não atua apenas no nariz. Ele também tem conexões com áreas do cérebro ligadas às emoções e ao comportamento, o que explica por que certos cheiros têm impacto emocional tão forte.

Estudos em laboratório já demonstraram que pessoas com maior sensibilidade à trimetilamina reagem de forma mais intensa a ambientes com traços da substância. Esse achado reforça a ideia de que o olfato é profundamente individual e determinado por fatores biológicos.

O que parece ser apenas uma repulsa comum a insetos, portanto, revela uma camada mais profunda da biologia humana. Sentir ou não o cheiro de barata pode ser, na verdade, um marcador de uma habilidade rara que vem escrita no nosso próprio código genético.

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