Um estudo da Universidade de New South Wales revelou que duas doses de cerveja por dia pode proteger pessoas com mais de 60 anos contra a demência. A análise reúne dados de 25 mil pessoas que fizeram parte de 15 estudos epistemológicos em países de todos os continentes. Realizado por cientistas do Centro para Envelhecimento Saudável do Cérebro da Universidade, o trabalho foi publicado na revista Addiction.
Segundo os cientistas, os participantes que bebiam moderadamente em comparação com aqueles que não consumiam álcool tiveram uma incidência de casos até 38% menor. Já entre aqueles que bebiam, mas largaram o álcool, em comparação com os que nunca tiveram o hábito de beber, não houve incidências significativas.
De acordo com a pesquisa, beber uma quantidade de até 40 gramas de álcool por dia está associado a um menor risco de comprometimento cognitivo em idosos acima dos 60. No entanto, apesar de uma lata possuir 10 gramas, outro estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) alerta que o consumo maior que 14 unidades por semana – cerca de duas latas ou taças de vinho por dia – aumenta o risco em 17%.
O trabalho, realizado por franceses e britânicos, analisou dados de quase 10 mil pessoas. Segundo as analises, beber até 14 unidades por semana resultou em uma indecência 47% menor de casos. Para os cientistas, os efeitos positivos de doses moderadas podem estar ligados à capacidade de diminuir a inflamação do cérebro e modular a concentração da proteína beta-amiloide. Outra tese é a de que baixas concentrações de álcool ativam o sistema glinfático.
Entretanto, os pesquisadores ressaltam que os resultados não devem ser lidos como uma indicação médica para o consumo de álcool para quem deseja prevenir a demência. Pois mesmo em doses moderadas o álcool já foi associado ao aumento de doenças cardiovasculares e a outros impactos considerados negativos para o cérebro.
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Demência na população negra
Demência é um termo guarda-chuva que engloba um grupo de sintomas e doenças que afetam de forma progressiva a capacidade cognitiva e funcional dos pacientes. Entre negros a condição pode levar a morte duas vezes mais do que entre brancos. É o que revela levantamento de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com a University of Queensland.
O estudo apresenta uma grande disparidade étnico-racial nas hospitalizações e mortalidade por demência no Brasil. O levantamento comparou dados de 2019 e 2020 do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. De acordo com os dados da pesquisa, nesse período, a taxa de mortalidade em pacientes negros aumentou 65% e apenas 9% em pacientes brancos.
As causas dessa disparidade estão na dificuldade de acesso à informação e tratamento, no diagnóstico tardio e no atendimento precarizado. Resultado das desigualdades socioeconômicas e do racismo estrutural que afetam diretamente a saúde da população negra no país.