Se em 2014, o Brasil registrou 20 casos de racismo no futebol, em 2019, foram 56 ocorrências. Ou seja: um aumento de 235%. Os dados são do Observatório da Discriminação Racial no Futebol e foram publicados em novembro. Sob a direção de Marcelo Carvalho, a instituição vem monitorando casos dessa natureza desde 2014. Os números de 2020 ainda não foram concluídos.
“Em 2020, a bola rolou num período de meses menor. Se compararmos com 2019, a quantidade de ocorrências será consequentemente inferior. Mas, proporcionalmente, temos um número que quase se iguala ao da temporada anterior. Monitoramos 28 casos em seis meses. Se dobrarmos, serão 56”, contou Marcelo, em entrevista ao Estadão.
Marinho, do Santos, Gerson, do Flamengo, e o menino Luiz Eduardo são alguns dos casos de racismo que marcaram o futebol brasileiro em 2020. Esses episódios têm um fato em comum: as denúncias partiram das vítimas – um posicionamento que a cada dia ganha mais força entre os atletas.
“São eles que fazem o espetáculo, e será através deles que as entidades tomarão medidas. Eles estão percebendo que suas vozes são importantes. A força dos atletas da NBA se espalhou para os atletas do mundo inteiro”, argumentou o diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.
O assassinato de Geroge Floyd elevou o debate racial à outra esfera. O movimento antirracista ganhou força no mundo todo, com direito a quedas de estátuas, e os atletas demonstraram união ao se manifestarem. Para Rodrigo Monteiro, professor de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), ao passo que as vítimas estão denunciando, os racistas ainda se sentem legitimados a cometerem seus crimes.
“Quando lideranças minimizam o racismo, se perde o constrangimento de ser racista. Os racistas estão se expondo mais. E isso tem sido potencializado com uma maior clareza do conflito racial. Os jogadores negros e parte das instituições estão acolhendo a luta. Contudo, da mesma forma, aqueles que minimizam o racismo estão dispostos a se expor”, analisou Monteiro.
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