O Brasil pode enfrentar racionamentos de água recorrentes até 2050, segundo um levantamento do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta terça-feira (28). O estudo projeta uma média de 12 dias de interrupção no abastecimento por ano, podendo ultrapassar 30 dias em regiões mais secas, como o Nordeste e o Centro-Oeste.
O relatório, elaborado em parceria com a consultoria Ex Ante, aponta que a demanda por água tratada deve aumentar 59,3% nas próximas duas décadas, impulsionada pelo crescimento populacional, urbanização e aumento das temperaturas. A combinação entre o aquecimento global e as perdas no sistema de distribuição, que ainda chegam a 40%, coloca o abastecimento em risco e amplia a pressão sobre rios e reservatórios.
De acordo com a presidente-executiva do instituto, Luana Pretto, o cenário exige medidas urgentes. “Se não reduzirmos as perdas e não planejarmos o uso sustentável da água, regiões vulneráveis poderão enfrentar longos períodos de escassez, com impactos severos na saúde e na qualidade de vida”, alerta.
As projeções indicam que a temperatura média nas cidades brasileiras deve subir cerca de 1°C até 2050, e o número de dias chuvosos tende a cair, ao passo que eventos de chuva intensa devem se tornar mais frequentes. Essa mudança reduz a reposição natural dos mananciais e aumenta o risco de desertificação em novas áreas do país.
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O estudo calcula que cada 1°C a mais pode elevar o consumo de água em até 25%. Atualmente, quatro em cada dez litros de água tratada são desperdiçados, o equivalente a 7 bilhões de metros cúbicos por ano. A redução dessas perdas para 25%, meta do Plano Nacional de Saneamento, diminuiria a necessidade de produção e ajudaria a garantir o abastecimento futuro.
Pretto conclui que ainda há tempo para evitar o colapso: “Reduzir desperdícios, investir em reúso e proteger mananciais são passos fundamentais para assegurar água potável para todos nas próximas gerações.”
