Representado pela cantora Rita Beneditto, a agremiação contou com a participação da banda Cavaleiros de Aruanda e as Filhas de Gandhy, além da profusão de artistas representando entidades da umbanda e do candomblé
Em uma grande celebração de música e espiritualidade, o Bloco Tecnomacumba movimentou, no último sábado (15), às ruas da Saúde, no Centro do Rio. Exaltando as tradições das religiões de matriz africana e todos os seus simbolismos, a agremiação encantou foliões que se encontraram no Cais do Valongo, região na Zona Portuária da cidade que representa a mais importante evidência física associada à chegada de escravizados no Brasil.
A cantora Rita Beneditto, representante do bloco que comandou toda a festa, comemorou o cortejo da agremiação e o sucesso entre seus participantes.
“São 20 anos de (projeto) Tecnomacumba celebrando as comunidades de terreiro. Que bom poder ter este desfile cheio e ver todos eles“, afirmou Beneditto.
O bloco surgiu de um projeto artístico da cantora, lançado há 22 anos, que foi ganhando forma de manifestação cultural. Em sua segunda edição, a agremiação contou com a participação da banda Cavaleiros de Aruanda e as Filhas de Gandhy, além da profusão de artistas representando entidades da umbanda e do candomblé.
Em uma época carregada de história e identificação como o Carnaval, o bloco relembra aspectos da cultura afro-brasileira, mostrando suas raízes de proximidade e vinculação com o território. Uma das primeiras a chegar para a festa, Mãe Esther de Airá afirmou que o ambiente era só de alegria.
“Conheço Rita (Benneditto) há muito tempo e não podia deixar de prestigiar este desfile tão bonito e tão importante para nós de religião de matriz africana“, disse.
O desfile passou por boa parte da região conhecida como “Pequena África”, área abrangida pelos bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristo, na zona portuária do Rio, ocupada por uma população majoritariamente negra onde está o Cais do Valongo – Património da Humanidade -, o Cemitério dos Pretos Novos, os morros da Conceição e da Providência e a Pedra do Sal, cuja história está intimamente ligada ao samba.
Sobrinha de Mãe Esther, Tamara dos Anjos, que estava acompanhando a líder religiosa, exaltou a importância do desfile acontecer na região da Pequena África:
“Este local é muito simbólico. Foi aqui que tudo começou e fiz questão de vir de vermelho, representando as pombas-giras que me acompanham e protegem meus caminhos“, afirmou Tamara.
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