Três em cada dez bebidas comercializadas no Brasil são falsas, adulteradas ou contrabandeadas, aponta pesquisa divulgada pela Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo (Fhoresp). O levantamento revela que 36% das garrafas vendidas no país apresentam algum tipo de irregularidade, o que representa não apenas prejuízos financeiros, mas também sérios riscos à saúde da população.
Segundo a pesquisa, vinhos e destilados são os principais alvos da falsificação. Uma em cada cinco garrafas de vodka vendidas no Brasil é forjada. Apenas em 2024, o setor acumulou um prejuízo estimado em R$ 85,2 bilhões por conta da venda de produtos ilícitos. Em São Paulo, o impacto foi de R$ 23 bilhões. A previsão da entidade é que o cenário se mantenha em 2025 caso não haja mudanças efetivas na fiscalização ou na carga tributária do setor.

A gravidade do problema ficou evidente após o governo paulista confirmar 22 casos de intoxicação por metanol, sendo sete já confirmados e 15 em investigação. As ocorrências foram registradas em São Paulo, São Bernardo do Campo, Limeira e Itapecerica da Serra. Cinco pessoas morreram, uma delas com confirmação de ligação direta ao consumo de bebida adulterada. O metanol é uma substância altamente tóxica, capaz de causar danos irreversíveis ao cérebro, fígado e nervo óptico, além de levar à morte.
Diante da situação, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar se há envolvimento de organizações criminosas na distribuição de bebidas contaminadas. A Fhoresp alertou que o mercado clandestino, antes associado principalmente à sonegação fiscal, agora se consolidou como uma ameaça à saúde pública.
LEIA TAMBÉM: Após intoxicação por Metanol, associações de bebida e de oftalmologia fazem alerta
Em nota, a entidade afirmou que bares e restaurantes que atuam dentro da legalidade também são vítimas, já que muitas vezes recebem bebidas adulteradas de fornecedores. A federação recomenda que empresários e consumidores redobrem os cuidados, verificando sempre a procedência dos produtos, comprando apenas de fornecedores confiáveis e exigindo nota fiscal.
A Fhoresp ainda destacou a preocupação com festas realizadas sem alvará e fora de ambientes fiscalizados, onde o risco de circulação de bebidas adulteradas é ainda maior. “O risco é real e imediato. A maior preocupação recai sobre locais sem controle, onde consumidores ficam expostos a produtos potencialmente letais”, afirmou a federação.