Autores negros marcaram presença na 17º edição da FLIP

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Termina hoje a 17° edição da FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty, que teve início no dia 10 de julho. Além das mesas principais, a programação da FLIP também inclui tendas e casas com salas de conversas, palestras, apresentações teatrais e exibição de filmes. No sábado (13), duas mulheres negras marcaram presença nas mesas Auditório da Matriz.  Durante a manhã, a escritora e crítica recifense Marilene Felinto, ganhadora prêmio Jabuti na categoria “Autor Revelação”, ocupou a mesa 14. Na parte da tarde, Grace Passô, dramaturga, diretora e atriz de Belo Horizonte, participou da mesa 16.

Marilene abriu a programação do sábado, na mesa 14 – Cansanção. Ela iniciou a conversa com uma crítica a teoria de hierarquia das raças defendida pelo escritor homenageado, Euclides da Cunha.

“Minha presença aqui pode destoar do que se espera, mas eu não acredito nas normas. Pouco me importa o ‘mea culpa’ feito posteriormente por Euclides da Cunha. Levei décadas para superar a rejeição causada pelo racismo. Achava-me feia”, relatou a escritora.

Marilene ainda destacou que uma das razões para ter aceitado participar da festa literária foi a oportunidade de homenagear os escritores do interior do Brasil, entre os quais centenas de jovens negros que, segundo ela, estão longe dos holofotes da mídia do eixo sul-sudeste. 

Glace Passô

Glace Passô encantou o público, da mesa 16 – Poço de Cima, ao recitar trechos do livro ‘Mata Teu Pai’, de sua autoria. Na obra, Medeia, voz da narradora, fala pelas mulheres e para as mulheres. 

“Sonho o mesmo sonho todas as noites diferentes. Isso acontece com vocês? Vocês nasceram aqui? Posso chamar vocês de mãe? Não? Ai, eu preciso dizer, só dizer essa palavra. Preciso dizer mãe, mãe, a vida, a vida ganhou de mim. Antigamente eu era feliz em silêncio, não falava muito assim. Eu preciso que me escutem”, dizia parte do texto lido por Grace.

Outros autores negros passaram pelas mesas do auditório principal desta edição da FLIP. Dentre eles o angolano Kalaf Epalanga, Marcelo D’ Salete e a portuguesa Grada Kilomba, escritora, teórica e psicóloga.

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