Conta de luz mais cara impacta famílias negras

image-120.png

Tarifa bandeira vermelha nível 2 entra em vigor a partir de setembro

Em setembro os consumidores terão uma conta de luz mais cara devido à bandeira vermelha nível 2, a qual sinaliza tarifas mais altas. A decisão foi anunciada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ocorre após uma série de fatores climáticos e econômicos que impactam a geração de energia no país. A bandeira vermelha nível 2 implica um custo adicional de R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos, o que pode pesar no bolso dos consumidores.

A medida reflete uma realidade mais difícil para o setor energético, que enfrenta dificuldades com a baixa capacidade dos reservatórios das hidrelétricas e a maior dependência de usinas termelétricas. Essas usinas, que utilizam combustíveis fósseis como gás natural, têm um custo de operação mais elevado, o que se reflete diretamente nas tarifas.

Setembro vem com a bandeira de energia em nível 2. / Foto: Freepik

O especialista em energia, Rodrigo Souza disse em entrevista: “A bandeira vermelha nível 2 é um reflexo da falta de chuvas e do alto custo de geração de energia termelétrica. As famílias precisarão se adaptar, principalmente com o aumento no uso de energia durante o calor, que é característico dessa época do ano”. Segundo ele, a expectativa é que a medida impacte diretamente nas finanças dos brasileiros, especialmente das classes média e baixa, que costumam ter um consumo mais elevado de eletricidade devido ao uso de aparelhos como ar-condicionado.

O aumento das tarifas é um alerta para o consumo consciente de energia, já que os custos elevados podem durar até o final do ano, caso as condições climáticas e de geração de energia não melhorem. A Aneel monitora a situação de perto e pode revisar as tarifas ao longo do período.

Famílias pretas são impactadas

O aumento das tarifas de energia elétrica impacta de maneira desproporcional a população preta no Brasil, que já enfrenta uma série de desigualdades socioeconômicas. Dados do IBGE apontam que a renda das famílias negras é, em média, 35% inferior à das famílias brancas, o que torna os custos extras com serviços essenciais, como a luz, ainda mais pesados.

A maior concentração de negros em áreas periféricas e de baixa infraestrutura eleva o custo da energia, já que, nesses locais, as tarifas costumam ser mais altas devido aos custos de distribuição. A falta de acesso a tecnologias mais eficientes também contribui para um consumo elevado de eletricidade, tornando as contas de luz ainda mais pesadas.

A desigualdade é também evidente na questão da pobreza energética, um conceito que descreve a dificuldade de muitas famílias em acessar a energia de forma econômica. Estudo da Fundação Getúlio Vargas revela que as populações preta e parda são as mais afetadas por esse fenômeno, muitas vezes não conseguindo arcar com o custo das contas de luz ou sendo forçadas a reduzir o consumo de energia, o que compromete sua qualidade de vida.

Com o aumento das tarifas, como ocorre durante a bandeira vermelha, esse cenário tende a se agravar, colocando a população negra em uma situação ainda mais vulnerável, onde as dificuldades econômicas se somam ao risco de precarização das condições de habitação e bem-estar.

LEIA TAMBÉM: STF encerra julgamento, rejeita recurso e mantém Robinho preso por estupro coletivo na Itália.

Deixe uma resposta

scroll to top