Anna Lages, Luisa de Paula e Manu Ranilla formam “As Panderista”, trio que ofereceu oficinas de pandeiro gratuitas para mulheres de Belo Horizonte, Minas Gerais, encerra circulação com cortejo final que vai reunir as participantes das oficinas já realizadas no Parque Ecológico da Pampulha, neste sábado (02), às 10h. O evento faz parte do projeto ‘Roda de Pandeiro’, que promove encontros musicais exclusivamente femininos.
Mulheres de qualquer idade são convidadas a participar gratuitamente do último encontro, que, assim como nas três edições realizadas nesta circulação, usam o instrumento para agregar, numa reunião feita por e para mulheres e suas diversidades. Não é necessário fazer inscrição, basta chegar e entrar.
Naturalmente a roda se torna um ambiente em que se busca o fazer junto, estabelecer rede de apoio, contato e fortalecimento de vínculos entre elas. São oficinas de música, mas contemplam ao mesmo tempo, empoderamento, entretenimento e ocupação de espaços públicos.
Com as participantes divididas em grupos de nível iniciante, intermediário e avançado, as três regentes conduzem a experiência, mostrando desde a maneira certa de segurar e afinar um pandeiro até a execução de diferentes ritmos. A ideia é tocar sem pressa, juntas, respeitando as habilidades e limitações de cada uma.
Durante os meses de julho e agosto foram realizados três encontros com mulheres de todas as idades e cantos da cidade. Visando descentralizar a cultura e o fazer artístico, projeto Roda de Pandeiro circulou por três espaços de Belo Horizonte: as atividades iniciaram no dia 22/07 no Centro Cultural Vila Fátima, o segundo foi realizado no dia 05/08 no Centro Cultural Zilah Spósito, e o terceiro no dia 26/8 no Centro Urucuia.
A democratização do acesso às suas atividades é um dos principais objetivos também do Roda de Pandeiro, que sempre faz suas ações em praças, centros culturais e centros de assistência social (Cras) fora da Região Central. Manu Ranilla explica que os locais foram escolhidos em função de relações afetivas das Panderista com os territórios em que vivem, trabalham e frequentam ou que estejam de alguma forma ligados à proposta do projeto.
Assim como as demais oficinas, a programação do encontro envolve um aquecimento corporal, bate-papo sobre a história do instrumento e a relação com as mulheres: “O pandeiro é milenar”, explica Manu, que criou e realiza o projeto desde 2016. Também faz parte da história a presença do pandeiro na cultura brasileira, símbolo de resistência e herança do continente africano, onde, segundo ela, existem vários instrumentos “parentes”.
É justamente a África a origem do primeiro ritmo da aula, o ijexá. O repertório tem ritmos da cultura popular brasileira e afro-brasileira, formado por cantigas populares e autorais de compositoras mineiras e brasileiras. A escolha, além de musical, é outra maneira de reafirmar a presença feminina num ambiente historicamente muito fechado para elas.
A programação faz parte de projeto aprovado no edital Descentra, da Secretaria Municipal de Cultura, direcionado a bairros mais afastados do Centro, onde acontece a maioria dos eventos culturais e artísticos da cidade. Demais informações sobre o evento podem ser consultadas no Instagram do grupo musical.
CORTEJO DE ENCERRAMENTO RODA DE PANDEIRO
Dia 02 de setembro às 10h – Cortejo de encerramento
Local: Parque Ecológico da Pampulha – Avenida Otacílio Negrão de Lima, 6061 – Bandeirantes
Atividades gratuitas com tradução em Libras.
AS PANDERISTA SÃO:
Manu Ranilla – Regente. Percussionista, compositora, arte-educadora, coordenadora de projeto sociais, professora de pandeiro e cantautora. Formada em Percussão Popular Brasileira pela Bituca – Universidade de Música Popular Bituca, atua nos grupos Projeto Manobra, Coletivo Negras Autoras, Espaço Cultural Tambor Mineiro e Ventura.
Anna Lages – Regente. Percussionista, cantora, compositora, arte-educadora e fotógrafa e conhecedora da voz. É uma das fundadoras da Banda Ponto Qu4tro, cantora e percussionista da banda Asa de Besouro, musicista em espetáculos da companhia Estação Criativa e pandeirista no grupo de choro Chorosas. É arte-educadora de escolas municipais e centros de regime socioeducativos na empresa Educarte desde 2018.
Luisa de Paula – Regente. Cantora, compositora, atriz, percussionista e arte-educadora. Atua nas bandas Ponto Qu4tro e Abalô-Caxi. É cofundadora do Bloco Bruta Flor, formada em Percussão Popular pela Bituca – Universidade de Música popular e graduanda em Licenciatura em Teatro pela UFMG.
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte/Edital Descentra.
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