Duas semanas depois de anunciar que iria concorrer à presidência dos Estados Unidos, o rapper Kanye West fez seu primeiro discurso político em um comício realizado em Charleston, na Carolina do Sul, no último domingo (19). Dentre outras questões, o artista se posicionou contra o aborto e desdenhou de Harriet Tubman, uma ex-escravizada que ajudou a libertar diversos negros durante a escravização nos EUA.
Vestido com um colete à prova de balas, West foi às lágrimas contando uma história pessoal ao abordar a temática do aborto. Ele manifestou sua posição contrária à prática usando o exemplo da própria vida.
“Meu pai queria que minha mãe me abortasse. Minha mãe salvou minha vida! Não haveria Kanye West, porque meu pai estava muito ocupado”, revelou, para depois concluir. “Eu quase matei minha filha! Eu quase matei minha filha!”, esbravejou.
Sempre polêmico ao trazer à tona o debate racial, o rapper seguiu o discurso até falar de Harriet Tubman, grande abolicionista americana. Em dado momento, West disse que “Harriet Tubman nunca libertou realmente os escravos: ela apenas fez os escravos trabalharem para outros brancos”.
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O histórico de Kanye em aspectos que envolvem racismo e política já é conhecido. Em 2019, ele disse, em entrevista à Big Boy TV, que os afro-americanos foram alvo de “uma lavagem cerebral” durante anos e afirmou que “dei as costas à mentalidade de vitimização”, considerando que a luta por igualdade seria uma forma de “se tornar vítima”. E ainda assegurou que “ando nisto há 15 anos. Fui cancelado antes da ‘cultura do cancelamento'”.
Sobre Harriet Tubman
Apontada como a maior libertadora de escravizados da história dos Estados Unidos, Harriet Tubman nasceu em Maryland, em 1822. Em 1849, ela conseguiu fugir de seus senhores e passou a se dedicar a resgatar outros escravizados. Estima-se que Tubman realizou 19 missões e libertou mais de 300 negros e negras que viviam a desumanidade da escravidão. Em 2019, foi lançado o filme Harriet, que conta a trajetória da heroína. É dela a célebre frase “libertei muitos escravos e teria libertado muitos mais se eles soubessem que eram escravos”.