Ano Novo: as tradições enraizadas nas religiões de matriz africana

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Rio de Janeiro - Devotos de Iemanjá fazem festa em celebração ao seu dia no centro da capital fluminense. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Muitas tradições de ano novo no Brasil estão imersas na ancestralidade da comunidade negra, com origem nas religiões de matriz africana. Todos os anos os rituais são repetidos por pessoas da religião e pela população em geral, que pode desconhecer o significado dessas práticas. Começando pelo tradicional uso das roupas brancas na virada do ano.

A tradição surgiu com os fiéis das religiões de Umbanda e Candomblé, ao fazerem cerimônias em homenagem à Iemanjá – uma divindade conhecida como Rainha do Mar – na virada do ano, no litoral. Também é comum ver, ao longo da praia, pessoas pulando as sete ondas. O rito, comum principalmente na Umbanda, consiste em fazer um pedido ou agradecimento a cada pulo, tanto sobre o ano que passou, quanto para o ano que está começando. 

Oferendas a Iemanjá no ano novo em Copacabana — Foto: Alexandre Macieira/Riotur

Seguindo ainda a proximidade com as águas, e com Iemanjá, a tradição de deixar oferendas no mar – como flores, barquinhos com presentes e etc – também faz parte das religiões de matriz africana, que ao deixarem as oferendas, fazem pedidos à divindade para o ano que se inicia.

Com o tempo, essas tradições começaram a ganhar mais visibilidade, principalmente quando membros do candomblé passaram a fazer as oferendas e cerimônias no famoso Réveillon de Copacabana, tornando-se parte da tradição brasileira. 

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De acordo com a Iyalorixá Geni de Omolu, usar branco na transição de um ano para o outro atrai leveza para este momento. “O branco representa Oxalá, a paz”, explica. A líder religiosa também diz que apesar de ser muito comum levar as oferendas para a Iemanjá, também podem ser feitas oferendas para outros orixás nesta época.

“Por ser uma passagem de ano, não damos oferenda só para Iemanjá, mas para outros orixás também. Pode ser para Ogum, Oxóssi, Omolu, e até o orixá daquele ano. O mar representa todas as entidades”, revela. 

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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